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A desinformação dos jornalistas

Por Gerson Luiz Martins* | 02/01/2012 16:41

O profissional graduado em jornalismo é uma pessoa que trabalha com a notícia, com a informação a cada segundo do seu dia. Para o jornalista, é imprescindível saber e conhecer os fatos que acontecem todos os dias. Também é importante que conheça e tenha domínio de todos as informações circunscritas a esses fatos, sejam de caráter documental, acadêmico, científico ou mesmo das “banalidades” do cotidiano.

Dois fatos recentes chamaram a atenção pela desinformação ou, minimamente, pela desatenção dos jornalistas. O processo de seleção da primeira turma do Programa de Pós-Graduação, mestrado em comunicação da UFMS e a realização do 3º Seminário de Ciberjornalismo, há vários dias difundido na internet e, principalmente, nas redes sociais como Twitter, Facebook, entre outros, deram sinal amarelo, quem sabe vermelho, de como inúmeros jornalistas estão alheios aos fatos que lhe dizem respeito diretamente. É importante que o leitor saiba que o cotidiano de uma redação de jornal é algo massacrante e de muito estresse. No dia-a-dia, o profissional graduado em jornalismo não tem muito tempo para pensar em outras coisas, senão apurar sua pauta e escrever sua matéria com o mínimo de equívocos possível. Afinal o jornal impresso tem que estar todas as manhãs nas bancas, o telejornal tem que ficar pronto nas próximas horas e o ciberjornal deve publicar notícias a cada minuto. É uma atividade extremamente dinâmica, de muita pressão e, portanto, estressante.

Contudo, não obstante a essa realidade, o profissional graduado em jornalismo trabalha com informação e por mais que tenha uma pauta para cumprir – ou mais – todos os dias, ele trabalha com informação e, fundamentalmente, deve estar sintonizado com todos os fatos que ocorrem a cada dia, muito mais ainda aos fatos que tenham interesse pessoal e imediato. É comum profissionais de jornalismo se queixarem do cansaço da atividade a cada final de semana. E como bem estabelece a tradição entre os jornalistas, no final de semana encontra os “coleguinhas” para um merecido relaxamento e, sem deixar o ser jornalista, o trabalho de lado, a troca de informações entre os colegas nesses momentos de descontração. Jornalista, assim como o médico, é jornalista 24 horas por dia.

Por ocasião do processo de seleção do Programa de Mestrado em Comunicação da UFMS, houve uma dezena de profissionais que, passado todo o período da seleção, fizeram contato para saber se a UFMS oferece algum tipo de curso de pós-graduação na área! O leitor deve considerar que, por ser o primeiro processo seletivo de uma mestrado em comunicação no estado e também pelas expectativas que o curso demandava há muitos anos, houve uma divulgação intensiva e ampla do Edital do mestrado no estado e vários estados circunvizinhos.

Nos estudos sobre ciberjornalismo, vários pesquisadores analisaram o excesso de informações que a internet promove sobre as pessoas todos os dias. O ser humano não tem capacidade para absorver tanta informação disponível e de fácil acesso a cada minuto. Esse fato comprova a necessidade e a importância do profissional graduado em jornalismo. A população, a sociedade necessita que alguém, profissionalmente, organize essas informações e possa oferecer (difundir) dados que realmente interessam ao indivíduo, informações que lhe estejam próximas e, principalmente, que lhe sejam úteis para o seu cotidiano e para o seu crescimento como pessoa, humana, social e economicamente caracterizada.

O excesso de informação atinge, paradoxalmente, os profissionais da informação, os profissionais graduados em jornalismo! Esse profissional, preliminarmente, se obriga a filtrar as informações que lhe interessa ou que interessa ao seu trabalho para conseguir produzir. No entanto, como profissional da informação, se obriga a saber e conhecer dezenas de fatos todos os dias. Isso é matéria-prima para o seu trabalho, para sua sobrevivência. Sobrevivência porque o jornalismo não é apenas uma profissão, é um modo de vida. Assim, o fato de que o profissional graduado em jornalismo deve saber de todas as coisas não se trata apenas de uma obrigação profissional, mas uma necessidade e uma forma de sobreviver como jornalista. Essa demanda de sobrevivência não é uma pressão, um constrangimento. Está inerente à atividade. Todos os jornalistas buscam se “afogar” em informações de forma natural, vocacional e tem gosto por isso.

Em síntese, profissional graduado em jornalismo que se aliena das informações, dos fatos, das notícias de cada dia, principalmente daquelas que tem interesse imediato ou direto, pode pensar em mudar de profissão.

(*) Gerson Luiz Martins é jornalista e pesquisador da UFMS

www.gersonmartins.jor.br

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