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A dignidade pessoal e de uma classe vale mais que um acordo descumprido

Por Ruy Sant’Anna (*) | 20/07/2013 10:51

Ontem disse aqui: creio que novos rumos estão a caminho para a saúde pública brasileira. Hoje digo com satisfação e uma ponta de orgulho nacional que o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Federação Nacional dos Médicos (FENAM) e Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), iniciaram ontem (sexta-feira 19/07) a retirada de seis comissões que integraram no governo federal e outros cinco colegiados do Conselho Nacional de Saúde. O que era uma brisa tornou-se um vento que varre para longe qualquer dúvida que poderia existir, por parte do povo, sobre a conduta honesta e honrada da classe médica.

Assim, iniciam a burocracia de desligamento de todas as câmaras, comissões e grupos de trabalho do Ministério da Saúde, bem como do Conselho Nacional de Saúde.

Dilma é mal intencionada e quer mesmo culpabilizar a classe médica, pela frouxidão administrativa de seu governo na saúde pública brasileira. Já colocou seu bloco de desinformação na rua, enquanto gasta propaganda em rádio e televisão sobre a saúde pública deficitária, como se fosse padrão FIFA. Para ela tudo está nas costas dos médicos.

Dilma ainda quer dividir a classe médica, no velho estilo de dividir para somar. Dividir a classe e somar para seu lado palaciano cheio de benesses, para quem queira mordomias.

Para que a presidente Dilma convidou e teve 11 colegiados da classe médica junto ao seu governo e Ministério da Saúde?

Ela não queria colaborações nenhuma. Pretendia a conivência aos seus desmandos, e que os médicos ficassem calados porque estariam “no governo”.

Achou (como gosta de “achar...”) que através dos colegiados médicos no seu governo estaria garantida com essa classe. Mas, caiu. Foi o primeiro tombo.

Deu um “ponta pé de saci”, nos médicos. Quem se estabacou foi o governo e sua base aliada.

A classe médica acaba de dar um exemplo à Nação brasileira, com esse desligamento maciço do governo federal.

Nada vale mais que a dignidade pessoal e de uma classe à qual se representa.

O País precisava de um exemplo dessa envergadura, mundial. A partir desse instante seremos melhores vistos no concerto entre as nações. A classe médica pode se orgulhar mais ainda da representação que têm.

Se cada uma e todas as instituições brasileiras fizerem a sua parte, o País e a Nação se fortalecerão. A renúncia, nessas horas é fundamental para se manter moralmente de pé.

O que o governo federal passou para os médicos é que eles colaborariam na “elaboração de proposta de provimento e fixação de profissionais médicos em situação de escassez no SUS”, no prazo de 60 dias. Essa foi a gota d’água que transbordou ou foi o mel que tentaram passar na boca dos médicos, que causou repugnância, desandou tudo e concluiu no rompimento entre as representações médicas e o governo federal.

Todas as vezes em que disse que Dilma trapaceava, e que dizia uma coisa na frente da imprensa e pelos bastidores políticos tramava sua teia eleitoreira, exibe-se, agora, na feiura de atitudes como a denunciada pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM).

Dilma, Padilha e Mercadante, debocharam, fez pouco caso da classe médica, ao chamá-la para um trabalho digno. Por quê?

Porque com pouco mais de duas semanas, após os médicos terem aceitado participar de um núcleo de estudo sobre a saúde pública, a presidente Dilma sorrateira e indignamente anunciou o programa “Mais Médicos”.

Convidou as máximas representações da classe médica “para estudos”, no prazo de 60 dias e com pouco mais de duas semanas de “união”, anunciou o “Mais Médicos” traindo aos médicos.

O grau de indignação da classe está nesta frase: "Foi criado um grupo de trabalho de fantasia, uma enrolação para os médicos. O governo atropelou, é um desrespeito", criticou o presidente da FENAM, Geraldo Ferreira Filho. (argumento da Folha de São Paulo).

Se a presidente Dilma e seus ministros da Saúde e Educação estivessem focados na solução real dos problemas da saúde, se não quisessem enrolar como fazem claramente, teria mandado sua base de sustentação no Congresso Nacional aprovar a PEC 39. Essa Proposta de Emenda Constitucional determinava que 10% do PIB teriam que ir para a saúde.

Por quê? Porque essa tranqueira toda está assim em consequência de o governo federal destinar só 3,7 do PIB à saúde.

Se o governo estivesse com interesse na solução dos problemas da saúde teria sim “aconselhado” sua base aliada para aprovar toda e qualquer PEC que lhe desse condições de administrar esse importante setor da vida nacional.

Vira e mexe, cai-se na promessa do ministro chanceler do Itamaraty quando no ano passado compromissou o País com a “importação” de 6.000 médicos cubanos. Então a ideia é que se estabeleça o pior caos, para aí serem aceitos os cubanos como salvadores da pátria. Para tanto contavam com o compromisso assumido pelo ministro chanceler do Itamaraty Antonio de Aguiar Patriota, que teria aberto as portas do Brasil para Cuba.

Nunca foi dito pelos médicos que eles são contra o Sistema Único de Saúde. Os médicos estão pelo país adentro ajudando o SUS, nas residências médicas, dentro da formação profissional sem remuneração e por dois anos. Para que mais dois anos de SUS após a conclusão da residência médica?

Infelizmente, o investimento do governo federal na saúde é muito baixo. O Brasil investe menos que alguns países da África. A falta de médicos é consequência do descaso com a saúde. Todas as pesquisas apontam a saúde com a pior avaliação entre os demais importantes setores da vida nacional.

Aproveitemos este fim e próximo começo de semana, para descansar, amar e viver o mais plenamente possível. Bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é jornalista e advogado.

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