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Arquiteto só trabalha para rico?

Por Natália Asato (*) | 07/10/2016 10:30

Esta é uma pergunta bastante comum há muitos anos, quando o assunto é a diferença entre o trabalho do arquiteto e do engenheiro civil. O arquiteto é o profissional que cria a cidade e planeja seu funcionamento da melhor forma possível, sendo também, responsável pela instalação de praças, hospitais, escolas, residências e todas as demais construções de uma cidade.

Lúcio Costa, em 1940, completa afirmando que “a arquitetura é, antes de qualquer coisa, a construção”. Dessa forma, tem-se a certeza que toda obra, ou projeto, é muito importante para as cidades; entretanto, todas necessitam primeiramente, de um profissional habilitado, seja arquiteto ou engenheiro civil.

A pergunta “Porque o arquiteto é pouco procurado pela sociedade que ocupa?” sobrevoou meus pensamentos após ter ouvido em uma sala de aula o professor fazer este questionamento e os vários arquitetos existentes no lugar ficarem calados, olhando uns aos outros, sem saber o que responder. O professor afirmou que, no Brasil, apenas 2% da população tem acesso ao serviço do arquiteto, o que me relembrou as afirmações corriqueiras que arquitetos recém-formados escutam ao afirmarem-se arquitetos: “ah, você vai trabalha para rico!”.

Na verdade, este pensamento vem da colonização do Brasil, em 1826 existindo o primeiro curso de Arquitetura no país, na Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro e permaneceu como única instituição a oferecer o curso, por 50 anos, sendo frequentada por estudantes de alto poder aquisitivo da época, posteriormente trabalhando somente para essa classe mais nobre. O ensino dessa academia modernizou-se em 1854, com a criação de novas especialidades de disciplina.

Até o século XIX, formou-se um número reduzido de arquitetos, o que foi alterado no século seguinte, tornando-se um curso um pouco mais popular. A mudança era tanta que, no fim do século XIX, as principais cidades do País criaram diversos cursos de arquitetura nas novas escolas de Engenharia ou Belas Artes. O curso foi se espalhando pelas regiões Sul e Sudeste e, em 1990, difundiu-se pelo País alcançando regiões mais afastadas desses centros culturais.

A classe nobre era a minoria da população na época da colonização e, com o passar dos anos, o número de estudantes de arquitetura foi crescendo, ocasionando um número grande de profissionais habilitados. A colonização foi encerrada no país e um pouco antes deste fato acontecer, os arquitetos já estavam trabalhando para as classes um pouco abaixo da nobreza.

Atualmente os arquitetos trabalham para todas as classes, sem distinção de renda, mas ainda é difícil para muitas pessoas entender que o arquiteto fará um projeto bem distribuído e específico para as necessidades do cliente por um preço justo e um custo de obra que cabe no bolso do cliente. O arquiteto trabalha pelo conforto visual, térmico e acústico, além de várias outras diretrizes, atendendo a toda a população mundial, independe de credo, raça ou posição social.

(*) Natália Asato é arquiteta e urbanista, pós graduada em Master em Arquitetura e professora universitária na Uniderp

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