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Cidade Morena é um quadro pintado por Deus

Denilson Pinto (*) | 21/03/2013 09:26

Avenida Ricardo Brandão, esquina com a Rua Felinda Ferreira. Analisando apenas por seus nomes, poucos conhecem este cruzamento. Estou falando do prolongamento da Avenida Fernando Correa da Costa, próximo da Universidade Anhanguera, marginal do Córrego Prosa, num dos seus trechos mais belos.

Hoje, não resisti aos encantos da beleza das “paineiras”, que neste período sempre embelezam nossa Cidade Morena. Ao passar por elas, interrompi meus planos, desci do carro e fiz estas fotos amadoras. São cenas como essas que fazem eu não trocar Campo Grande por nenhuma outra cidade, nem com Curitiba, cidade vizinha da minha terra natal. Olhando este quadro, pintado com as mãos de Deus, consigo entender em sua essência o que é desenvolvimento sustentável.

A única coisa triste dos elementos desta foto é ver um córrego poluído, com seu cheiro contaminando os perfumes das flores. O Prosa bem que poderia somar com esta beleza e não ser uma imagem destoante. Ser nosso ponto turístico, pois afinal, bem perto dali, existe uma bela cachoeira.

Mas nem tudo é perfeito. O importante é esta contemplação da natureza, esta harmonia entre o verde e o lado urbano de Campo Grande, conhecida como uma das cidades mais arborizadas deste Brasil.

Como gostaria de ser uma destas árvores, nem que fosse por alguns minutos. Esta imagem faz muito bem para nós, na nossa rotina. Cada um com seus problemas, transitando e deparando-se com este encanto da natureza - onde nenhum centavo é cobrado - pode afirmar com certeza que é um privilegiado. Como diria Manoel de Barros, nesta bela poesia:

- “Um passarinho pediu a meu irmão para ser uma árvore.
meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol,
de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore, aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casa vazia de cigarra, esquecida no tronco das árvores só serve para poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores
são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão
se transformara,envaidecia-se quando era nomeada para o
entardecer dos pássaros e tinha ciúmes da brancura que os
lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanencia em árvore
poeque fez amizade com as borboletas.”

Obrigado Mãe Natureza. Depois de tiradas estas fotos, continuei meu trajeto em direção a casa. As paineiras pouco a pouco foram morrendo, sumindo completamente alguns metros depois de ter cruzado a Avenida Joaquim Murtinho. Logo adiante, o córrego também sumiu, dando lugar somente ao concreto betuminoso. Uma pena! Tomara que pelo menos nesta parte da cidade, elas brilhem para sempre. Quanto ao córrego, ele já agoniza, mas poderia ser salvo!

(*)Denilson Pinto é jornalista

Jornalista fala sobre a beleza da paisagem e a poluição do Prosa (Denilson Pinto)
Jornalista fala sobre a beleza da paisagem e a poluição do Prosa (Denilson Pinto)
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