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Concorrência efetiva

Por Walter Roque Gonçalves (*) | 23/04/2017 15:44

Os depoimentos de 76 Executivos da Odebrecht levaram a abertura de investigações contra 39 Deputados Federais, três Governadores, 24 Senadores e oito Ministros do Governo Federal. Dentre os fatos apresentados, chama atenção a fala de Emílio Odebrecht: “Todos os companheiros (...) já passaram pelo exterior para ter uma visão de mundo. Conviver com concorrência efetiva, real. Disputa baseada em produtividade”.

Como se no Brasil não tivéssemos este tipo de concorrência! Segundo dados das delações, amplamente divulgados na imprensa, são mais de 10 bilhões de reais pagos em propinas por nove anos. Muitos dos valores pagos individualmente superam até os mais afortunados ganhadores de loterias.

Claro que imaginar que teremos corrupção zero no país é no mínimo utopia. Mas, falando de gestão, a meta corrupção zero é uma excelente meta para que nossos gestores evitem com desvios de verbas astronômicos que poderiam resolver questões, como por exemplo, nas áreas da saúde, segurança, educação e infraestrutura do nosso país.

O desafio é ainda maior quando àqueles que deveriam lutar contra a corrupção, engrossam a lista de denunciados por este crime. “Continuamos nos sentindo sem representantes". A corrupção sistêmica tem levado o país à ruína econômica, moral e política, como diz o colunista da Folha, Ronaldo Caiado.

Vivemos num país onde os políticos são muito bem remunerados, sobretudo, quando comparados a realidade da grande maioria dos brasileiros. Mesmo assim, a voracidade por mais dinheiro faz com que alguns deles percam o senso do certo e errado ao ponto de achar que tudo isso é normal.

As leis que regem as licitações definem claramente os passos para que esta seja justa, pois se fosse cumprida à risca, a livre concorrência seria garantida e sem vantagens extra contratos. No entanto, temos visto constantemente denúncias de expedientes armados para contornar tais regras.

A concorrência efetiva a que Emílio Odebrecht diz encontrar apenas no exterior, pode ser construída no nosso país. Para tanto, é preciso punir exemplarmente os crimes comprovados; irrigar, com o dinheiro desviado pela corrupção, os investimentos em saúde, segurança, infraestrutura e, trabalhar a consciência do cidadão com investimentos maciços em educação.

É preciso formar gerações de novos políticos e empresários éticos para que estes sejam maioria e possam transformar o Brasil em sinônimo de eficiência, produtividade, qualidade e preços, ou seja, sinônimo de concorrência efetiva.

(*) Walter Roque Gonçalves é consultor de empresas, professor executivo/colunista da FGV/ABS (FGV/América Business School) de Presidente Prudente

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