Consciência Negra: um apelo ao cuidado com os fragilizados
Diante do Dia da Consciência Negra, somos chamados a uma reflexão que ultrapassa o simples reconhecimento histórico. Esta data convida-nos a olhar com profundidade para as feridas abertas de uma sociedade que ainda convive com as marcas do racismo, da exclusão e da desigualdade. Mais do que uma celebração, é um tempo de consciência e responsabilidade, um momento de reafirmar o compromisso ético com os fragilizados.
Falar de Consciência Negra é falar de humanidade. É reconhecer que a luta por igualdade e respeito não se restringe à população negra, mas diz respeito a todos que acreditam na dignidade humana como princípio inegociável. O verdadeiro sentido dessa consciência está em compreender que o sofrimento do outro nos interpela e exige resposta. Assim, a ética do cuidado se torna o caminho mais necessário: cuidar não é um gesto de benevolência, mas de justiça; é assumir que a vida em sociedade só floresce quando ninguém é abandonado.
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Nas escolas, nas comunidades e nos espaços públicos, ainda é visível a fragilidade de muitos que se sentem invisíveis ou desvalorizados por causa da cor da pele, da origem ou da condição social. A Consciência Negra deve, portanto, despertar uma atitude de presença e compromisso. Cuidar é educar para a empatia, é construir relações pautadas na escuta, na solidariedade e no reconhecimento do valor de cada ser humano.
A sociedade precisa de um novo pacto de cuidado e de respeito. Esse pacto começa no modo como olhamos uns para os outros, nas escolhas que fazemos e nas palavras que usamos. Quando o cuidado se transforma em prática cotidiana, abre-se espaço para o diálogo, para o aprendizado mútuo e para a superação de preconceitos.
Celebrar o Dia da Consciência Negra é, portanto, um chamado à conversão do olhar. É afirmar que a cor da pele nunca pode ser medida de valor e que o verdadeiro progresso de um povo está em garantir a todos a mesma dignidade e as mesmas oportunidades. É tempo de reconhecer que a humanidade só se fortalece quando o cuidado com os mais fragilizados se torna prioridade.
Mais do que uma data, a Consciência Negra é uma convocação à esperança ativa, ou seja, uma esperança que se traduz em gestos, escolhas e atitudes que constroem um mundo mais justo, solidário e verdadeiramente humano.
(*) Robson Ribeiro, teólogo, filósofo e professor através do Instituto Humanitas Unisinos
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