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Da corrupção

Por Heitor Freire (*) | 13/05/2019 06:38

Um dos males mais antigos e nocivos que assediam e corroem a alma humana é a corrupção. Ela se abriga na alma e se perpetua no tempo e no espaço. Começou lá atrás quando Eva corrompeu Adão, segundo a alegoria bíblica, com a maçã. A partir daí ela se propagou.

Com o crescimento da humanidade, tornou-se endêmica chegando a ponto de Deus mandar o Dilúvio para tentar consertar o mundo de então. Outro exemplo está na destruição de Sodoma e Gomorra. E mais: a submersão da Lemúria e da Atlântida, o famoso reino perdido.

Por volta do século XVIII a.C., o rei Hamurabi, da primeira dinastia babilônica, criou “O Código de Hamurabi” um conjunto de leis criadas na Mesopotâmia, com punições severíssimas para qualquer delito, demonstrando tolerância zero com a corrupção. O código é baseado na lei de talião, “olho por olho, dente por dente”.

A corrupção se insinua de forma insidiosa e silenciosa, bem devagar. Ela sabe como se infiltrar e chegar devagarinho, sem alarde, para não chamar a atenção.

Nos tempos atuais, em que tanto se fala sobre a corrupção em todo o mundo, criou-se a imagem de que ela é moderna e de que corrupto é aquele que lesa o poder público, que rouba, que se locupleta com sua atividade funcional, etc. etc.

Mas não é só isso. Essa grande corrupção é apenas a ponta do iceberg. A corrupção tem raízes profundas na alma das pessoas e vai, ao longo das encarnações corroendo o caráter de suas vítimas. Para sua sobrevivência, o corrupto vai aperfeiçoando e sofisticando formas diferentes de sua prática com muita sutileza para envolver o maior número de pessoas.

A corrupção precisa formar equipes de seguidores para sua sobrevivência. E começa com pequenos atos de transgressão aparentemente inocentes, mas que vão se infiltrando e as pessoas se justificam dizendo para si mesmas: ninguém viu, não tem importância, é só desta vez, todo mundo faz.

Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, disse: "Sempre que você fizer algo, mesmo que ninguém venha a saber, faça como se o mundo estivesse olhando para você."

Hoje em dia é muito comum de se ouvir: O fulano é corrupto de nascença. E é verdade. Porque o corrupto em sua grande parte traz o germe da corrupção, em sua alma. Livrar-se desse germe é uma luta de gigante. Precisa de uma determinação férrea.

Nós só conseguiremos eliminar a corrupção quando cada um de nós adotar o lema atribuído a Thomas Jefferson: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Não pode haver vacilo. O trabalho que cada um deve fazer não comporta tolerância. Não existe meio-corrupto. Uma vez corrupto, é por inteiro.

Aproveitamos, por oportuno, para adicionar parte de Os Versos de Ouro de Pitágoras que são uma fonte rica de ensinamento. Selecionamos alguns deles:

“- Leve bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões.

- Não faça junto com outros, nem sozinho, o que te dê vergonha.

- Ao se deitar, nunca deixe que o sono se aproxime dos seus olhos cansados,

- Enquanto não revisar com a sua consciência mais elevada todas as suas ações do dia.

- Pergunte-se: "Em que eu errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?”

- Recrimine-se pelos seus erros, alegre-se pelos acertos.

- Deste modo não desejará o que não deve desejar, e nada neste mundo lhe será desconhecido.

- Perceberá também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha”.

O filósofo Aristóteles acreditava que a corrupção era típica do mundo sublunar, isto é, o mundo terreno existente abaixo das esferas celestes. Para ele, tudo o que não era terreno era perfeito e eterno, portanto, não podia ser alvo da corrupção (entendida como degeneração). Como seres terrenos, os humanos estavam também sujeitos à corrupção, e isso influenciou profundamente a própria noção de organização política nas civilizações gregas e romanas.

Enfim, cabe a cada um essa tarefa hercúlea que não pode ser delegada a ninguém.

Trabalhemos.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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