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Das coisas

Por Heitor Freire (*) | 02/04/2018 14:23

Não conheço nenhum termo mais abrangente, mais universal e que designe tantos fatos, objetos reais ou abstratos, do que coisa. Coisa é tudo o que existe ou pode ter existência. É tudo o que não pode ser particularizado pelo nome.
Quando Deus criou Adão, deu-lhe competência para dar nome a tudo e a todos. “Então Deus formou do solo todas as feras e todas as aves do céu. E as apresentou ao homem para ver com que nome ele as chamaria: cada ser levaria o nome que o homem lhe desse” (Gn 2,19).

E Adão deu nome a tudo. NOME. De onde saiu então coisa? Acredito que saiu da impossibilidade de identificar determinadas situações ou objetos e também da preguiça mental do ser humano.

Coisa é tudo o que existe ou que pode ter existência. O que pode ser alvo de apropriação: ele possui poucas coisas. O que ocorre; acontecimento: o curso natural das coisas. O que é real em oposição ao que é abstrato: quero coisas e não promessas. Pode ser chamado também de negócio, troço. É ainda o que caracteriza um fato, evento, circunstância, pessoa, condição ou estado: essa chatice é coisa sua? O assunto em questão; matéria: não me fale dessas coisas! Viemos aqui tratar de coisas relevantes.

Pode ser também indisposição pessoal; mal-estar inesperado; ataque: estava bem, de repente me deu uma coisa e passei mal.. Enfim, a universalidade do termo torna coisa um componente permanente em nossas vidas e em nosso vocabulário do dia-a- dia.

A respeito deste tema, recebi uma mensagem da Condessa do Rio Apa, Vera Tylde de Castro Pinto, de autor desconhecido, mas que com muita criatividade e inteligência discorre sobre o assunto. Transcrevo algumas partes:

“A palavra ‘coisa’ é um bombril do idioma.

Tem mil e uma utilidades.

É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. J

Já em Minas Gerais , todas as coisas são chamadas de trem. (menos o trem, que lá é chamado de ‘coisa’). A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: Minha filha, pega os trem que lá vem a ‘coisa’!.

E no Rio de Janeiro?

Olha que ‘coisa’ mais linda, mais cheia de graça...

A garota de Ipanema era coisa de fechar o trânsito!

Mas se ela voltar, se ela voltar, que ‘coisa’ linda, que ‘coisa’ louca.

Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

Coisa também não tem tamanho.
Na boca dos exagerados, ‘coisa nenhuma’ vira um monte de coisas...

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar.

Uma coisa de cada vez, é claro, afinal, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.

E tal e coisa, e coisa e tal.

A coisa pública não funciona no Brasil. Político, quando está na oposição, é uma coisa,
mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura.

Quando elege seu candidato de confiança, o eleitor pensa: Agora a coisa vai...

Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma.

Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para serem usadas,
por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas?

Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas.

Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria ‘y otras cositas más’.
Mas, deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte, ou coisa
parecida...

Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento:
"AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS DO CÉU E DA TERRA.

Quer dizer que no céu também tem a coisa.
Entendeu o espírito da coisa?”

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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