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Desafios emergentes do tratamento de água

Letícia Reggiane de Carvalho (*) | 24/04/2023 13:28

É bastante relatado na literatura que os processos convencionais de tratamento de água (ETAs) não são eficientes para a eliminação de determinados contaminantes orgânicos, devido principalmente à natureza polar de muitos deles. Alguns trabalhos, inclusive, evidenciam que a remoção desses interferentes emergentes depende tanto das características intrínsecas de cada composto quanto dos métodos de tratamento empregados.

Como primeira grande preocupação das ETAs, tem-se que a operação ineficiente de algumas estações de tratamento de esgoto (ETEs) pode acarretar a presença de contaminantes no efluente final. Esses efluentes, posteriormente, são lançados nos corpos d’água e acabam comprometendo os mananciais de abastecimento e prejudicando o tratamento da água tratada distribuída à população. Outro grande problema enfrentado nas ETAs é a potencialização da formação de subprodutos provenientes dos métodos de desinfecção, como orgânicos halogenados e trihalometanos, que podem ser consideravelmente mais tóxicos que as moléculas originais.

Fator muito discutido no mundo inteiro, a presença de novas substâncias contaminantes na água, como os per- e poli-fluoroalquil (PFAs), tem crescido gradualmente. Os PFAs são substâncias incorporadas em vários produtos industriais e de consumo (por exemplo, embalagens de alimentos e utensílios de cozinha, papel, têxteis, couros, colchões, semicondutores e materiais de combate a incêndio) desde a década de 1940. Entretanto, devido à sua prevalência, mobilidade, persistência, bioacumulação e efeitos adversos à saúde, foi demonstrado que muitos PFAs podem se ligar a proteínas do sangue e apresentam meia-vida longa em humanos. Ainda, tem-se que a exposição humana a essas substâncias esteja ligada diretamente ao câncer, à obesidade, ao colesterol elevado, à supressão imunológica e à desregulação endócrina.

A expectativa, nesse cenário, é associar o conhecimento científico às empresas de tratamento, antecedendo-se aos processos regulatórios e, com isso, melhorando a qualidade da água tratada, que contribuirá para a minimização dos problemas operacionais e de saúde relacionados ao consumo e ao tratamento decorrente da presença desses compostos nos corpos hídricos.

(*) Letícia Reggiane de Carvalho Costa é doutoranda no Programa de Pós-graduação em Engenharia Química e está realizando doutorado sanduíche na Universidade de Nevada, na cidade de Reno, NV, Estados Unidos.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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