ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 31º

Artigos

Dia do Índio e do Exército Brasileiro

José Tibiriçá Martins Ferreira | 19/04/2013 09:05

Nesta data, comemora-se o dia do Índio, instituído pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei de 5.540, de 1943, tendo a participação do mato-grossense, Marechal Candido Mariano da Silva Rondon para sua concretização. A partir da intervenção de Rondon, os Índios passaram a ser vistos sob outra ótica.

Hoje podemos afirmar que o índio não é mais incapaz, ele participa de tudo, tem escola, transporte coletivo, tem mandato político, terras em abundância, basta a Funai dar-lhe condições necessárias para ele se aprimorar mais. Ele trabalha em Dourados tanto no campo como na cidade, está integrado na sociedade, mas ele precisa de independência para escolher o caminho que achar melhor.

Há muita exploração por parte de terceiros não interessados na sua emancipação, pois consequentemente acabaria a grande teta para muitos que se encontram alojados na Funai. Pergunto: quem está na coordenação da Funai em Dourados hoje? Não é índio. Será que ali não poderia estar um índio? Está na hora de entregar-lhe a coordenação, pois ele é capaz de resolver melhor seus problemas e em Dourados dos 38 funcionários, somente 7 são índios, percentual muito pouco.

Estive na Funai, que funciona na Avenida Marcelino Pires, em frente ao Ubiratã (madeira forte), com boas acomodações, prédio alugado por bom preço.Na época o procurador que me atendeu, um jovem baiano muito educado, não conseguiu dar-me uma solução para um caso de índio desaldeado, sem documento.

Só resolvi o caso através da Justiça estadual que lhe concedeu o registro tardio e hoje ele tem carteira de identidade, CPF, Cartão do SUS, título de eleitor e CTPS. Agora o Galvão, como era chamado por este apelido, consta como cidadão brasileiro e tem nome: Roberto da Silva Brunel, está na nossa propriedade São João e Penha, na Picadinha, se recuperando da saúde.

Lá encontrei-me com o colega advogado, Dr. Wilson de Matos Silva, filho do Sr. Ataliba de Matos, família pioneira de Dourados e de uma índia terena. Advogado militante nessa comarca, reside na aldeia Jaguapiru (cachorro magro), homem inteligente, articulista do Jornal O Progresso, defende os direitos do Índio, apesar de ser um mameluco, pois é filho de branco e uma índia, assim é a definição da língua portuguesa.

Conversamos sobre a localização do prédio da Funai, órgão destinado a resolver o problema indígena.Perguntei a ele: por queo índio tem que vir das Aldeias Bororó, Jaguapiru, bem como um grupo que vivena beira do Rio Dourados, totalizando quase 15.000 índios, fora os desaldeadosaté a Sede da Funai em Dourados?

Sugeri sua instalação na reserva, território da União,pois facilitaria o atendimento dentro do seu espaço, no seu habitat, no seu tekoha, pois muitos deles são pessoas carentes, existem muitos Karai ha kuña karai = senhores e senhoras sem condições de virem à cidade. É claro que alguns têm carro, mas não existe transporte coletivo para todos, hoje a reserva de Dourados é um bairro urbano também com todos os problemas.

Em Dourados a Funai comporta um pequeno número de indígenas no seu quadro.Será que nenhum indígena tem competência para comandá-la?

Seria aconselhável que seus funcionários falassem a língua do índio, no caso de Dourados o guarani, guarani-kaiuá e terena.

Dourados elegeu também vereador indígena, o professor Aguilhera de Souza, cuja responsabilidade agora aumentou, pois tem o dever de lutar para minorar os problemas nas aldeias. Poderá com a colaboração do patrício, o advogado Wilson da Silva Matos e outras lideranças, reivindicarem a transferência da Funai para a Reserva, onde ficará mais próxima do índio.

O dia 19 de abril também é comemorado o dia do Exército, seu berço a cidade de Guararapes (estrondo dos tambores, do tupi uarará'pe. Uarará - espécie de tambor indígena; e Pe - no (local). ...). Ali nasceu o Exército Brasileiro, devido à Batalha de Guararapes no dia 19 de Abril de 1648.Nos idos de 1.600, Portugal disputando o poder na Europa, mantinha na Colônia um mínimo efetivo militar, sendo difícil defender o vasto litoral e o extenso território.

Sua população era física, culturalmente diferenciada, habitada por europeus, africanos, os nativos, descendentes e miscigenados.

Esta revolta deveu-se a interesses econômicos, pois o açúcar já valia muito dinheiro, era ouro no Velho Mundo. Do continente europeu veio uma empresa comercial, escoltada pelos holandeses, que conquistou Recife e ficou por mais de 20 anos em Pernambuco. Os portugueses tinham uma pequena milícia, a ela uniram-se as lideranças locais, sob o comando do escravo alforriado Henrique Dias, o chefe indígena Poti que significa em tupi-guarani também camarão e vários crustáceos e em guarani excremento, cocô.

Felipe Camarão e o Capitão Antonio Dias Cardoso e outros se uniram pela primeira vez, havendo um pensamento de união na pátria, sendo o invasor holandês expulso de Pernambuco. Dessa união de raças nasceu a nacionalidade brasileira e com ela, o Exército Brasileiro.

Parabéns Exército Brasileiro e o Índio pelo seu dia.

(*) José Tibiriçá Martins Ferreira, advogado e produtor rural em Dourados.

Nos siga no Google Notícias