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Economia criativa

Por Walter Roque Gonçalves (*) | 08/07/2016 09:51

Segundo os autores John Howkins e Andrea Matarazzo, a economia criativa envolve atividades de cunho intelectual, capazes de gerar riquezas, empregos e distribuir renda. Nestas atividades a criatividade e inovação são matéria-prima para criação, produção e distribuição de bens e serviços.

No Brasil, há desde 2012 a Secretaria de Economia Criativa que considera os seguintes setores como integrantes da economia criativa brasileira: artes cênicas, música, artes visuais, literatura e mercado editorial, audiovisual, animação, games, software aplicado à economia criativa, publicidade, rádio, TV, moda, arquitetura, design, gastronomia, cultura popular, artesanato, entretenimento, eventos e turismo cultural.

Segundo dados disponíveis no site do Sebrae, “o setor tem mais de dois milhões de empresas e gera R$ 110 bilhões equivalente a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) total produzido no país. A cifra chega a R$ 735 bilhões, se considerada a produção de toda a cadeia, equivalendo a 18% do PIB nacional em 2015.”

Uma das principais referências do setor está no Porto Digital em Recife. Segundo o site oficial portodigital.org, o parque abriga cerca de 250 empresas, inclusive grandes nomes como IBM, Fiat Chrysler e Accenture. Conta também com instituição de ensino superior. Nos últimos três anos, o Porto Digital faturou 1 bilhão e gerou emprego direto para mais de 7100 profissionais altamente qualificados.

O potencial da economia criativa ainda não foi explorado, segundo especialistas. Esta pode ser uma das saídas para a atual crise econômica. Polos como este de Recife deveriam ser multiplicados Brasil afora.

Para corroborar com esta tendência, está prevista a conclusão das obras, em São Paulo, da primeira faculdade para formar profissionais na área de Economia Criativa. A iniciativa é da Escola Britânica de Artes Criativas (EBAC). Os diplomas são aceitos internacionalmente, há grades curriculares em áreas de Design, ilustração, Animação, Direção de Arte e cursos inéditos no Brasil como Arquitetura e Desenvolvimento de Aplicativos para Dispositivos Móveis.

Apesar de existir áreas que a priori apresentam maior aderência à economia criativa, os autores Justin O´Connor e Gaëtan Tremblay, acreditam que não se deve ditar quais setores estão ou não na economia criativa, pois a criatividade e inovação é a essência de qualquer área da economia.

A administração de empresas, por exemplo, está inserida em ambientes complexos, a criatividade e inovação permitem que se aprimore, entre outros fatores, a redução de desperdícios, de custos, de retrabalho, de falhas de comunicação. Aumento de motivação de equipe, maximização de resultados. Ademais, o desejo e necessidade dos consumidores, bem como as soluções oferecidas pela concorrência, estão em mutação constante.

Por isso, tenho que concordar com O´Connor e Tremblay: não faz sentido ditar quais setores devem ou não estar na economia criativa! Afinal, o que seria dos gestores de empresas, se não se apoiassem na criatividade e inovação para lançar produtos e serviços capazes de atender um mercado em constante mudanças?!

(*) Walter Roque Gonçalves é consultor de empresas, professor executivo/colunista da FGV/ABS (FGV/América Business School) de Presidente Prudente (SP).

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