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Economia Criativa seria a solução para renovar o mercado da moda?

Por Fábio Uehara (*) | 27/05/2016 18:01

Paixão pela profissão, criatividade e sensibilidade são motores que fazem um estilista criar. Porém, tais características são pouco valorizadas pelo mercado atual, direcionado pela maximização do lucro, a velocidade da produção e uma moda baseada no “copia e cola”. Frente a esse contexto, um estilista bem sucedido é aquele que consegue equilibrar criação artística com as ansiedades da sociedade e necessidades mercado.

Existem casos que são exemplos de sucesso, mas a realidade nos mostra que a grande maioria dos profissionais da moda, que como qualquer outro precisa sobreviver de seu trabalho, acaba tendo que se render ao mercado convencional. Talvez isso seja reflexo da visão de mundo predominante em nossa sociedade, que infelizmente só aspira àquilo que é consagrado pelo “mass media”.

Mas a moda, desde sempre foi expressão de cultura de um povo, sendo que diferentes etnias exprimem sua identidade através das vestes. No entanto, a industrialização iniciada há pouco mais de 200 anos, nos tirou o direito de construir roupas utilizando cores, matérias-primas e processos produtivos desenvolvidos pelos artesãos locais.

Em contrapartida, potencializado por diversas crises socioambientais, nacionais ou internacionais, estão surgindo em diferentes partes do mundo soluções criativas para combater problemas causados pela lógica vigente. Tais iniciativas vão desde repensar o processo produtivo, o consumo, o uso de matéria-prima e o descarte de roupas.

A grande indústria, apesar de estar ciente dos problemas por ela gerados, infelizmente abre pouco espaço para que se de desenvolvam inovações capazes de impactar positivamente na sociedade. Por outro lado, surgem iniciativas, que já estão começando a gerar reflexão no mercado convencional e aos poucos começa a absorver o potencial transformador da Economia Criativa.

Estamos entrando na era do compartilhamento, criando sinergia para que todos se satisfaçam. O acesso às máquinas e ao mercado deve se abrir para os estilistas criativos e às pequenas confecções. A nova tendência que surge pode ser percebida através dos coworkings de moda que estão surgindo e costureiras que estão se organizando em cooperativas.

De encontro a isso, diversas soluções estão sendo gestadas, como centrais de compras que podem solucionar problemas relacionados à aquisição de tecidos e aviamentos; market places, que solucionam o problema de venda digital; e os co-shops ou lojas colaborativas físicas para a venda de produtos.

Trata-se de uma rede que está sendo construída para permitir que o profissional de moda possa atender suas necessidades criativas, de encontro às necessidades da sociedade e não apenas seguir as diretrizes mercadológicas focadas no lucro individual.

(*) Fábio Uehara é sócio-fundador do LAB Fashion, um escritório de coworking, que, além do espaço, compartilha ideias para a evolução do mercado da moda no Brasil.

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