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Golpismo, ontem e hoje

Por Valfrido M. Chaves (*) | 07/04/2014 08:51

Lembro-me de lideranças udenistas dizendo: “ Juscelino não deve ser candidato; se candidato, não deve ser eleito e, se eleito, não deve ser empossado. Empossado, deve ser derrubado”. Lembro-me ainda, após a eleição de Juscelino, de uma marchinha carnavalesca que ouvia na Rádio Globo, que terminava com o refrão “... o golpe vem aí, o golpe vem aí”! A história nos recorda ainda que, para Juscelino empossar, as Forças Armadas intervieram e Café Filho teve que ser “zoado” da presidência, logo sucedido por Nereu Ramos, que empossou Juscelino. Jânio tentou um golpe com sua renúncia, justo quando seu vice Goulart se encontrava na China, em visita oficial.

As Forças Armadas não caíram no logro e, mal ou bem, sustentaram a posse de Jango. Era época da Guerra Fria, quando os mísseis russos apontavam para os States e metade da frota aérea americana, com armas atômicas, permaneciam no ar, para retaliação no caso de suas bases serem destruídas pelo inimigo. Deus foi pai e, pelo que se sabe hoje da radiação atômica, meia dúzia de bombas nucleares exterminaria a vida inteligente na terra.

Acontecera a crise dos mísseis em Cuba e, parte da solução, os States tolerariam Castro e a Rússia não meteria o bico na América Latina. Mas era um clima de guerra e o pensamento socialista-marxista tinha como meta, por definição, a destruição das “democracias burguesas” e da propriedade privada. Tal princípio estava e está acima de qualquer “Tratado de Tordesilhas” entre Rússia e Estados Unidos.

Jango, fazendeiro, parece que de fraca personalidade, foi atropelado por Brizola e por aqueles que julgavam estar no “momento histórico” para uma revolução. As Forças Armadas foram provocadas por um grande comício e uma assembléia no Clube de Cabos e Sargentos, que impactou a espinha dorsal da disciplina militar. Soube-se depois que o Cabo Anselmo, líder da agitação, estava a soldo e orientação da CIA. A poderosa Quarta frota americana se aproximava da Bahia, para o que desse e viesse.

Nesse contexto, leitor, deu-se o movimento de 31 de março, com amplo apoio civil e mesmo da Igreja. Jango contrariou Brizola e outros, aceitou os fatos, evitando um derramamento de sangue de extensão e conseqüências imprevisíveis. Instaurou-se um regime militar que, pasmem, num dado momento delirou ser um sistema democrático superior ao americano, inglês, francês. Deflagrou-se uma “resistência armada”, também deliróide e bem vinda por aqueles no poder e, por patologia inegável, sedentos de sangue.

Uns achando que, sob o sistema autoritário, seria mais fácil empolgar as massas para impor outro sistema ditatorial e totalitário. Outros, delirantes e patológicos, arrogantes, se sentindo autorizados para a prática da tortura, assassinatos e desaparecimentos. Páginas triste da nossa História. Venceu nossa índole liberal, com Tancredo, Ulisses Guimarães e outros tantos, num sistema econômico onde a liberdade econômica e individual são essenciais. A Nação e a “democracia burguesa” continuam, com suas contradições e fraquezas, mas também grandeza.

Afinal, os mensaleiros estão onde devem estar e o Supremo, Imprensa a população sem viseira ideológica continuam incólumes. Essa vergonha da Petrobrás veio à tona, Deus é pai, até para mais uma vez mostrar com quem a gente está lidando. À direita ou à esquerda, com ou sem farda, arrogância é arrogância e é ela que põe a perder quem se julga dono do mundo. E vamos em frente que atrás vem gente!

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista.

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