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Mais cotas, mais inclusão

Por Wellington Anselmo Martins (*) | 04/06/2017 17:47

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou o encaminhamento para reserva de vagas de alunos pobres e negros. Tais cotas étnico-raciais poderão valer a partir de 2019, o que é mais um passo rumo à democratização da universidade no Brasil.

As cotas, que garantem acesso de pessoas negras, pardas, índios, pessoas com deficiência, egressos de escolas públicas etc., são a única forma de, a curto e médio prazos, promover o princípio constitucional da igualdade.

Sem a garantia de espaço para as minorias sociais, certamente mais uma geração de brasileiros marginalizados seria excluída do meio universitário. Perdendo tanto essas pessoas, em sua vida íntima, quanto o país, por desperdiçar talentos e produtividade.

A Unicamp, a exemplo de diversas outras instituições de ensino superior, está promovendo uma acessibilidade alternativa para estudantes que de fato, e historicamente, possuem necessidades especiais.

Esta expressão, "necessidades especiais", tão aplicada aos casos de pessoas com deficiência, na realidade é o caso também dos brasileiros descendentes de pessoas escravizadas por causa da cor de sua pele ou de sua origem familiar pobre.

Minorias de todas as cores e tribos sempre foram violentadas sem pudor. E a História não permite que nos enganemos: mulheres, homossexuais, pagãos, operários etc., a elite, de cada época ou lugar, justamente se fez elite sobre esses grupos explorados e diminuídos em sua humanidade.

A resposta democrática a tal injustiça social são os meios jurídicos especialíssimos de reinclusão. Isto é, por meio da força da lei, da interpretação progressista dos princípios universais, obrigar que uma cota sociologicamente significativa das minorias esteja presente em todos os meios da sociedade, inclusive no ensino superior.

Enfim, tais métodos são pautados em uma ética das virtudes que, por olhar para o passado e ver tanta indiferença com relação ao pobre e ao povo, propõehoje agir impositivamente na proteção dos grupos marginalizados a fim de que, nos próximos anos e décadas, os filhos de tais pessoas realmente tenham todos os seus direitos universais garantidos.

(*) Wellington Anselmo Martins, mestre em Comunicação na Unesp, graduado em Filosofia pela USC.

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