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O Ambiente de Inovação em Mato Grosso Do Sul

Por Fernando Mendes Lamas (*) | 19/07/2013 09:10

Embora seja um dos estados mais jovens da federação, Mato Grosso do Sul possui um conjunto de instituições públicas e privadas que favorecem sobremaneira o ambiente de inovação.

Com uma população com pouco mais de 2,5 milhões de habitantes sedia em seu território a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), a Universidade Uniderp/Anhaguera, o Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), quatro Unidades da Embrapa (três de Pesquisa e uma Unidade de Serviço), Fundação MS para a Pesquisa e Difusão de Tecnologias Agropecuárias, Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Chapadão e a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER).

As Universidades, o Instituto Federal e a AGRAER estão presentes fisicamente em vários municípios o que melhora a presença de instituições promotoras da inovação nas diferentes regiões do estado.

É oportuno destacar que, no Munícipio de Selvíria, está localizada a Fazenda Experimental da Faculdade de Engenharia do campus da Universidade Estadual Paulista de Ilha Solteira, SP. Como agentes de fomento à pesquisa e inovação, existem a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul e o Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Milho e Soja de Mato Grosso do Sul, sem contar que é possível captar recursos para pesquisa em órgãos clássicos como CNPq, CAPES, FINEP, dentre outros. A presença desse conjunto de instituições poderá colocar Mato Grosso do Sul na vanguarda da inovação tecnológica.

Os produtores rurais estão organizados por meio de Sindicatos, Cooperativas, Associações e Grupos, onde também a inovação é assunto muito discutido, na busca de otimizar os fatores de produção e minimizar os riscos do capital investido na produção agrícola.

Nesse ambiente, onde existem instituições de ciência e tecnologia e os produtores estão organizados, como deve ser tratado o tema INOVAÇÂO no âmbito das ciências agrárias? O que é preciso inovar? Como inovar?

Mato Grosso do Sul, por meio de suas instituições, tem buscado responder a esses questionamentos, quando cria o Fórum Permanente de Pesquisa Agropecuária liderado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

Para a agricultura são impostos vários desafios, sendo o mais frequente o de “satisfazer as necessidades básicas da população e por isso devemos obter o máximo de rendimento por unidade de área”1.

Atualmente, além de produzir alimentos em quantidade e com qualidade, a agricultura deve auxiliar na mitigação de gases causadores do efeito estufa. Tudo isso com o mínimo de impacto ambiental, associado ao reduzido uso de insumos. Em síntese, o grande desafio é produzir para atender à demanda da população, permitindo que as famílias consigam obter renda que lhes assegure viver com dignidade, ou seja, colocar em prática o conceito de sustentabilidade.

Face aos desafios postos às instituições de ciência e tecnologia, cabe desenvolver estratégias para gerar conhecimentos, com os recursos disponíveis, de forma articulada e organizada, em perfeita sintonia com o ambiente de produção. Os conhecimentos incorporados aos sistemas de produção contribuirão para que a agricultura possa cumprir o seu papel de provedora de alimentos, fibra e energia, com o mínimo de impacto ambiental, e o agricultor seja adequadamente remunerado. Assim, conhecimento também é fator de produção como terra, capital e trabalho. Tem-se, então aquilo, que se convencionou chamar de Economia do Conhecimento.

Considerando a diversidade de clima, solo e cultura existentes em Mato Grosso do Sul, visando otimizar o potencial das instituições de inovação existentes no estado, não seria hora de se começar a pensar em “polos de inovação”, buscando otimizar o potencial de cada uma das regiões do estado? Entendo que o momento é favorável a este tipo de iniciativa. Esses polos estariam estrategicamente localizados, observadas as condições acima mencionadas, contemplando trabalho em rede com as diversas instituições existentes no Estado, no País e no Mundo, por meio de ações adequadamente articuladas.

Com a implantação de polos de inovação, a governança de todo o processo de P&D no estado seria facilitada. Isso tornaria os resultados de pesquisa mais impactantes como promotores do desenvolvimento econômico e social de uma determinada região, o que levaria invariavelmente ao desenvolvimento do estado e, por conseguinte, da população local.

1-GROSZMANN, A. Como não fracassar na cultura do algodoeiro. Revista Ceres, v.IV, n. 24, p.385-388, 1943.

Considerando a nova dimensão dada à inovação tecnológica, como instrumento transformador da realidade social e econômica, Mato Grosso do Sul possui um enorme potencial, dado o gabarito das instituições de ciência e tecnologia aqui estabelecidas. Os polos de inovação podem contribuir para dar a alavancada que se faz necessária.

A localização geográfica privilegiada de Mato Grosso do Sul e a capacidade empreendedora de sua população são fatores que também devem ser considerados. Por meio da geração e transferência de novos conhecimentos, é possível incorporar novas áreas ao sistema produtivo, melhorar as produtividades das principais explorações agrícolas do estado e incrementar novas alternativas.

(*) Fernando Mendes Lamas é pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.

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