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O caso do estuprador Robson Vander Lan

Por Fábio Coutinho de Andrade (*) | 16/04/2011 10:17

A notícia de um crime sexual realizado no campus da UFMS, em Campo Grande- MS, deixou a população atônita, embora não seja o primeiro a acontecer naquelas imediações. Mas o fato era só a ponta de um iceberg, que viria a emergir com a captura do acusado, Robson Vander Lan, 29 anos, que revelou uma frieza e um cinismo dignos de um serial killer norte-americano, desses que vemos em filmes, quando de suas entrevistas para a imprensa.

Em “entrevista” ao portal Campo Grande News, Robson revelou como escolhia suas vítimas: optava por pessoas que seguiam uma rotina e as abordava em locais pouco iluminados ou pouco movimentados. Tudo planejado, tudo meticulosamente planejado! Até o presente momento, são nove os casos de estupro confessados pelo autor, que, porém, afirma ter “perdido as contas de quantas vítimas fez”. Entre as suas vítimas, inclui-se uma adolescente de 14 anos de idade.

Robson não é réu primário. Aos 12 anos de idade, violentou sexualmente uma menina de 12 anos e queimou o seu corpo com cigarro. Sete anos mais tarde, esfaqueou a namorada grávida até a morte. Foi condenado a 9 anos de prisão, dos quais cumpriu 7, tendo sido transferido para o regime semi-aberto por bom comportamento. Dá início, então, a uma série de estupros.

O que impressiona é o cinismo do criminoso, aliado à total falta de discernimento, pois que chega a afirmar que não é um monstro, mas um ser humano como todos os outros. A que ponto chega a inversão de valores de uma pessoa? Até que ponto ela pode ir para justificar suas atitudes e ações, mesmo que sejam contrárias aos mais comezinhos princípios éticos, morais e legais?

Robson não é um criminoso comum: desde muito cedo desenvolveu ou revelou o germe da criminalidade latente. Deveria ter sido considerado pela justiça como um sério candidato a um tratamento psiquiátrico ou a uma internação, medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Talvez pudessem ter sido evitados os casos que ora presenciamos. Talvez ele não devesse nunca ter visto a liberdade após o cometimento dos primeiros crimes.

O que temos no presente caso é a convergência de uma personalidade completamente doentia e da falta de tratamento adequado, seja ele jurídico ou psicológico. Não devemos chegar a conclusões simplistas. Diante desse quadro, não há mais nada a fazer, a não ser tratar devidamente o caso, com os rigores da lei e proceder a um estudo comportamental desse indivíduo, para que se possa tentar obter respostas a tal comportamento.

Foi essencial para a captura de Robson a atitude, especialmente, de uma das vítimas, que colaborou imensamente com o trabalho da polícia civil. Às outras vítimas e às suas famílias, resta o consolo de saber que esse criminoso foi capturado e que deverá assim permanecer por algum tempo. Que seja feita a justiça dos homens e que os Excelentíssimos Julgadores possam, com isenção, mas com rigor, tratar do presente caso, não permitindo que essa fera volte a fazer vítimas.

Fica aqui a minha sincera homenagem às corajosas vítimas que, apesar do trauma, conseguiram reunir força suficiente para tirar Robson das ruas. Também à Polícia Civil, pela ágil atuação, o que permitiu que o criminoso fosse detido. E que a população possa dormir mais tranqüila, na esperança de que ele irá terá muitos anos de segregação celular a cumprir.

(*) Fábio Coutinho de Andrade é advogado, especialista em Direito Penal e Processual Penal.

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