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O circuito Sesc e a celebração da arte em nosso estado

Por Heitor Freire (*) | 24/10/2017 15:24

Em termos culturais, o nosso estado é um grande celeiro de artistas que se destacaram no cenário nacional: Glauce Rocha, Ney Matogrosso, Ney Latorraca, Zilda Salaberry, Rubens Corrêa, entre outros. Mato Grosso do Sul atingiu e ultrapassou a maioridade. Já celebramos o jubileu de prata e o jubileu de ouro da arte em nosso estado.

Dentro desses parâmetros, destacamos:
- A cantora Delinha, que formou com seu primo Délio (já falecido) uma dupla sertaneja muito famosa – são naturais de Maracajú –, que encantou nossa população por mais de 50 anos. Delinha, hoje com 80 anos, continua cantando e se apresentando em público.

-O Grupo Acaba – Associação dos Compositores Amigos do Bairro Amambaí – de Campo Grande, constituído somente por homens, comemorou recentemente 50 anos de atividades. Fundado em 1966, o Grupo Acaba faz música regional “de raiz”, única em Mato Grosso do Sul. Foi criado com o objetivo de divulgar, pesquisar e desenvolver o
folclore do estado, por iniciativa dos irmãos Chico e Moacir Saturnino de Lacerda. As letras – coletivas e individuais – do Grupo Acaba, abordam o Pantanal, sua gente, a fauna e a flora da região. O homem pantaneiro, guerreiro, trabalhador e desbravador é o personagem principal, cantando sua saga que o torna conhecido mundo afora graças ao
trabalho do Acaba.

- Nas artes plásticas, o destaque é Humberto Espíndola, que está expondo na Morada dos Baís, onde 19 de seus quadros integram parte de "50 anos de Bovinocultura". O conjunto da obra mostra de que forma a figura do boi e seu simbolismo ganharam tamanho status em nosso estado e fora dele. Durante a abertura da exposição, Humberto conversou sobre a comemoração e, principalmente explica, como sua obra foi capaz de traduzir um comportamento tão sul-mato- grossense. Ele que estudou poesia, jornalismo, filosofia e letras, começou a pintar em 1964, quando sentiu que esse era o seu caminho, durante a organização de uma mostra de artistas mato-grossenses.
Humberto é o primeiro filho da família musical de artistas mais famosos de nosso estado: Geraldo, Tetê, Celito, Alzira e Jerry Espíndola.

Com exposições internacionais, premiações e produções pelo mundo, Humberto recorda um dos momentos mais marcantes de seu reconhecimento como artista plástico. "A coisa mais surpreendente foi a Bienal de Veneza (em 1972). Inclusive, José Saramago me citou na obra dele, acho que só por isso já estou eternizado".

- No campo da dança, desponta Neide Garrido, mulher corajosa, consciente, dedicada, que teve a coragem de, numa Campo Grande provinciana, abrir espaço para o ballet, dando-lhe uma dimensão única e conquistando um status de destaque. Em 1996 recebeu o título de cidadã campo-grandense. Em 1998, a Medalha e Comenda do Mérito Artístico do Conselho Brasileiro da Dança, órgão vinculado ao “Conseil International de La Danse” (UNESCO).

- Outro destaque no campo da dança é o Grupo Ginga, de Chico Neller. A companhia de dança surgiu em maio de 1986, formada por Renata Leoni, Romano Vargas, Miriam Jimenez, Luciane Mamoré, Roberta Siqueira, Gisele e Janine Freire. “Procuramos nossa identidade, e nos encontramos. Um dos principais trabalhos foi Conceição de Todos os
Bugres, homenageando Conceição Ferreira”, diz Chico.

- No quesito da música, o universo é estelar: Almir Sater, Paulinho Simões, Geraldo Roca, Márcio De Camillo, Maria Alice, Marcos Mendes e Maria Cláudia, Tostão e Guarani, Júlio Cheda e Kelby, Marcelo Loureiro, entre tantos outros nomes importantes.

- Na fotografia, temos Sebastião Guimarães (Tião), Roberto Higa e Rachid Waqued, fotógrafos que registraram e seguem registrando a história do nosso estado. Naturalmente, num artigo de dimensões reduzidas como este, o risco de cometer algumas omissões é muito grande, mas a minha intenção é mostrar a importância da
cultura em nossa região.

A cultura encontra hoje um patrocinador comprometido com a causa: o Sesc. O Sesc iniciou suas atividades em Campo Grande no ano de 1954, no antigo Mato Grosso, com o compromisso de semear cultura. A semeadura foi tão abundante que até hoje e acredito para sempre, o Sesc pontificará como grande fonte de geração dos movimentos
culturais, a exemplo do que acontece em todo o Brasil. Aí está, como exemplo, o Teatro do Prosa, no Sesc Horto, inaugurado em 1998.

O Sesc promove também o evento Café Literário, cuja primeira edição, em abril de 2013, marcou o lançamento do livro Rádio – A Voz da História Sul-mato- grossense, de minha co-autoria com a advogada e historiadora Vera Tylde de Castro Pinto.

Hoje, o Sesc administra a Morada dos Baís, local que passou a ser a sede de grandes eventos da nossa capital. Também fará parte do Circuito Sesc o prédio da 9ª Região Militar, na avenida Afonso Pena, que está em fase final de reforma e irá sediar um centro multi cultural.

O antigo cine Campo Grande, na rua 15 de novembro, logo entrará em obra para sua reativação, que completará o circuito Sesc na área de cinema.

Segundo Regina Ferro, diretora regional do Sesc, toda programação é pautada pelos princípios educativos, sociais e culturais que preservam e fortalecem a missão da instituição de educar para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do setor do comércio, de bens, serviços e turismo.

Merecidamente, o Sesc acaba de ser eleito uma das 150 empresas mais importantes para se trabalhar no Brasil. O título refere-se à pesquisa realizada pela Você S/A, revista do Grupo Abril, em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA). As atividades do Sesc vêm suprindo um vácuo que o poder público não consegue
preencher, por motivos variados que não cabe discutir aqui.

Ainda bem que temos o Sesc.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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