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Obrigado, Papa Bento XVI

Marta Ferreira | 21/02/2013 15:34

19 de abril de 2005. Fumaça branca! Muitos acorrem à Praça de São Pedro, e incontáveis são aqueles que voltam sua atenção à porta da Basílica Vaticana, onde se anunciará a eleição do sucessor do Apóstolo S. Pedro. O cardeal protodiácono anuncia: “Habemus papam”, Joseph Card. Ratzinger. Dá-se início um pontificado de quase oito anos de Sua Santidade Bento XVI.

Além destes fatos bem conhecidos por muitos, existem na memória de várias pessoas acontecimentos marcados pela alegria do encontro com o Santo Padre. E é isso que eu gostaria de compartilhar: meus breves e marcantes encontros com um homem consagrado a Deus, Joseph Ratzinger.

Minha primeira experiência ocorreu quando, durante o Grande Jubileu do ano 2000, tive a alegria de participar de uma conferência feita pelo cardeal Ratzinger por ocasião do congresso dos catequistas e professores de religião na Aula Paulo VI, a famosa Sala Nervi. As palavras do cardeal Ratzinger sobre o significado da Nova Evangelização marcaram profundamente os inícios de minha vida sacerdotal, pois eu estava morando em Roma como estudante, antes ainda de completar um ano de padre. Naquele período, eu era também correspondente do Sistema Canção Nova de Comunicação em Roma, atuando na cobertura dos eventos do ano jubilar. Para ter conhecimento desta brilhante conferência do cardeal Ratzinger, sugiro acessar: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20001210_jubilcatechists-ratzinger_po.html

Outro momento marcante ocorreu quando me encontrei com o cardeal Ratzinger na Praça de S. Pedro. Ele se dirigia para seu escritório e eu o saudei: “Buona sera (boa tarde), Eminenza”. Voltando-se para mim, após saudar-me, perguntou de onde eu era e o que fazia em Roma. Diálogo de poucos minutos, mas marcado pela simplicidade de quem está atento a cada pessoa que passa por seu caminho.

Já eleito sucessor de S. Pedro e bispo de Roma, o Papa Bento XVI me marcou com o seu testemunho no encerramento do Ano Sacerdotal, em junho de 2010. Éramos milhares de padres oriundos dos quatro cantos da Terra; ali estávamos em comunhão com o Santo Padre para confessar nosso amor à Igreja, Povo de Deus e Corpo Místico de Cristo. As palavras do Papa Bento XVI, a adoração ao Santíssimo Sacramento e a grande concelebração eucarística na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus – tudo isso regado pelo testemunho de S. João Maria Vianney, o Cura d’Ars –, inundaram o meu coração de esperança, de alegria profunda por ser padre. Em um momento não pouco tenso que a Igreja vivia, por causa dos escândalos de pedofilia de alguns de seus ministros, o Santo Padre soube nos confirmar na fé e em nossa entrega total à Igreja de Jesus Cristo.

O último encontro que gostaria de citar ocorreu no Palácio Apostólico no dia seguinte ao encerramento do Ano Sacerdotal. Havia um grupo de bispos do Brasil em visita “Ad limina apostolorum”, e tal visita compreendia, dentre tantas atividades, um encontro de cada bispo com o Santo Padre. Por esta ocasião, tive a graça de acompanhar o bispo da diocese mineira de Itabira – Coronel Fabriciano, Dom Odilon Guimarães Moreira. Ao entrar no escritório pontifício, saudei o Santo Padre e imediatamente ele me perguntou o porquê de me chamar Wagner. Depois de algumas rápidas explicações, fui questionado pelo Santo Padre sobre a possibilidade de ter parentes alemães. Respondi que não. Ele, porém, insistiu: “Padre Wagner, investigue bem, pois certamente o senhor tem raízes alemãs”. Após este diálogo tão descontraído, mas rico de humanidade, ele me perguntou sobre minhas atividades como sacerdote, membro da Comunidade Canção Nova e professor de teologia.

Ao partilhar estas experiências, não o faço por me sentir privilegiado, mas para evidenciar o testemunho de um pastor que, em nome de Cristo, procurou doar-se como servidor da vinha do Senhor, nas grandes ocasiões da vida da Igreja, como também nas situações mais simples, mais corriqueiras, a ponto de dar a devida atenção às pessoas que dele se aproximavam. Ao nos aproximarmos da conclusão de seu pontificado, manifesto em nome de todos aqueles que, como eu, puderam ter um contato pessoal com o Papa Bento XVI, um cordial agradecimento a este Romano Pontífice cujo testemunho de fé em Cristo Jesus não só marcará a história da Igreja Católica, como também a história pessoal de muitas pessoas. Obrigado, Papa Bento XVI!

*Padre Wagner Ferreira da Silva é formador geral da Comunidade Canção Nova, diretor e professor do Instituto de Teologia Bento XVI (Diocese de Lorena/SP) e professor da Faculdade Canção Nova em Cachoeira Paulista/SP. É autor dos livros “As novas comunidades no contexto sociocultural contemporâneo” e “A formação da consciência moral nas novas comunidades”, pela Editora Canção Nova.

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