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Os sétuplos americanos

Por Heitor Freire (*) | 27/08/2018 08:50

A vida proporciona a cada um situações inusitadas que são, naturalmente, oportunidades para o crescimento interior e a evolução individual. O que falta é o entendimento e a coragem para encarar essas situações como elas se apresentam. 

Como exemplo do que afirmo acima, refiro-me ao casal norte-americano Bobbie e Kenneth McCaughey. Eles tinham uma filha, Mikayla, com menos de dois anos de idade e decidiram ter um segundo filho, optando por um tratamento de fertilização artificial. Bobbie engravidou e pouco tempo depois foram informados pelo médico que sete embriões tinham vingado.

O médico sugeriu que houvesse uma redução seletiva para diminuir o número de bebês. Era uma orientação técnica. Nesse momento, Bobbie manifestou sua fé profunda. Não aceitou a sugestão do médico, disse que confiava em Deus e se Ele tinha lhe proporcionado essa oportunidade, ela iria aproveitá-la da melhor maneira possível.

Bobbie soube encarar muito bem essa tarefa, entendendo o que representa a oportunidade dada à mulher de contribuir com a missão divina que lhe foi concedida por Deus. Teve plena consciência da condição da maternidade.

Foi uma gestação muito difícil, como era de se supor. Bobbie ficou deitada durante todo o período da gravidez, com alimentação controlada. Nos três últimos meses viveu num hospital, sendo monitorada 24 horas por dia.

Para surpresa dos médicos, a gestação chegou aos 7,5 meses e os bebês nasceram por cesariana (3 meninas e 4 meninos) no dia 19 de novembro de 1997. Embora muito fraquinhos, todos sobreviveram. E assim Bobbie deu a luz a Kenneth Robert, Alexis May, Natalie Sue, Kelsey Ann, Nathan Roy, James Brandon e Joel Steven. O nascimento dos sete bebês foi um acontecimento de repercussão mundial. Tão importante que até mesmo o presidente dos Estados Unidos à época, Bill Clinton, foi visitá-los.

Duas das sete crianças nasceram com certo grau de paralisia cerebral, mas foram submetidas a cirurgia e puderam crescer com saúdeA divulgação do nascimento dos sétuplos gerou uma corrente de solidariedade muito significativa. Se o nascimento de uma criança já traz muitas mudanças, imaginem sete de uma só vez, de uma só mãe. De imediato, muitas doações começaram a chegar de todas as partes dos Estados Unidos.

Muitas pessoas entenderam a dificuldade da família para criar oito crianças – incluindo a filha mais velha – ao mesmo tempo. Assim, muitos amigos, familiares, empresas e instituições de caridade deram uma mãozinha ao casal. Eles receberam uma casa com 511 metros quadrados num terreno com 1.600 m² de área, uma van, doações de alimentos por um ano e fraldas para os dois primeiros anos, além de bolsas integrais para o estudo das sete crianças e para qualquer universidade de Iowa, seu estado natal.

Nos primeiros meses, os bebês usavam 52 fraldas por dia e tomavam 42 mamadeiras. Como o terreno da casa era bastante amplo, o casal McCaughey decidiu aproveitá-lo da melhor maneira possível, plantando uma horta e um pomar para diminuir as despesas de alimentação, tendo sempre em mente o combate ao desperdício e o melhor uso dos meios de que dispunham.

Hoje, aos 21 anos de idade, os sétuplos confirmam a fé de Bobbie, pois estão quase todos formados e encaminhados profissionalmente. A vida deles foi uma epopeia, com muita luta e dificuldades constantes a serem vencidas.

Hoje quando muito se discute a questão da legalização do aborto, destaca-se de forma proeminente o exemplo de Bobbie. Como sabemos, a questão do aborto é muito
complexa, mas no meu entendimento, respeitando as opiniões contrárias, ela não deve
ficar circunscrita unicamente quanto à legalidade, descurando do principal que é a
espiritualidade.

Fica o registro como exemplo a ser seguido.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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