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Primeira-dama

Por Heitor Freire (*) | 31/01/2017 09:48

A gratidão é o mais nobre dos sentimentos humanos. E é esse sentimento de agradecimento que norteia toda a ação dos historiadores, no sentido de preservar e reverenciar as pessoas que, de uma ou de outra forma, ao longo da história contribuíram para o bem comum.

Dentro desse contexto, refiro-me a uma mulher que, movida pela compaixão, soube aproveitar a oportunidade da condição de esposa do governador para exercer uma influência benéfica para a população mais desfavorecida do estado: Maria Aparecida Pedrossian.

Dona Maria Aparecida encarnou com muita dignidade e idealismo o papel de primeira-dama, honrando o cargo com uma visão humanista como poucas vezes se viu.

A criação do título é creditada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Zachary Taylor (1849–1850), o qual chamou Dolley Madison, esposa de seu antecessor James Madison, de “primeira-dama” (First Lady, em inglês) durante o funeral desta, em 12 de julho de 1849, enquanto recitava um elogio escrito por ele mesmo.

A princípio, a primeira-dama não possui funções oficiais dentro do governo, mas costuma participar de cerimônias públicas e organizar ações sociais, tais como eventos beneficentes. Além disso, uma primeira-dama carismática pode ajudar a transmitir uma imagem positiva de seu marido à população.

É dentro desse contexto, repito, que se destaca a figura de Maria Aparecida Pedrossian. Desde sempre, com intenção de contribuir para o bem comum, exerceu uma atividade constante nesse sentido.

Entre todos os feitos que realizou, o que mais comove o seu coração é a criação do Hospital do Câncer. Havia em Campo Grande uma plêiade de mulheres, que sensibilizadas com a questão do câncer e de seus efeitos na saúde da população mais carente, lideradas por dona Conceição Buainain, Sara Figueiró e outras abnegadas senhoras, criaram a Rede Feminina de Combate ao Câncer, embrião do futuro hospital.

Esse grupo de senhoras encontrou todo o apoio por parte de Maria Aparecida que, verificando a existência em Campo Grande do hospital Marechal Rondon, destinado aos funcionários da Rede Ferroviária Federal Noroeste do Brasil, envidou todos os esforços junto ao governador Pedro Pedrossian que, empolgado pela iniciativa, negociou com a Noroeste a cessão do local para sediar o hoje Hospital do Câncer Alfredo Abrão.

Por sua atenção sempre voltada para a questão da saúde, Maria Aparecida Pedrossian foi o nome escolhido para o Hospital Universitário de nossa cidade, em sua homenagem.
Em novembro de 1981 fui convidado por Maria Aparecida para comandar a Secretaria de Comunicação do estado, na gestão do governador Pedro Pedrossian. Uma vez na Secretaria, que dirigi até o fim daquele mandato, pude acompanhar mais de perto toda a sua atuação.

Foi também marcante a sua influência no que se refere à Santa Casa de Campo Grande. Essa instituição tem uma trajetória marcada pela dedicação, idealismo e competência dos que exerceram sua presidência, vencendo barreiras e a incompreensão da maioria dos prefeitos e governadores do estado.

Com Pedrossian foi diferente, justamente por influência direta de Maria Aparecida. Tanto é assim que a UTI implantada na época leva o nome dela, como reconhecimento e homenagem da Santa Casa.

O dr. Arthur D’Ávila Filho, que presidiu o hospital por quase vinte anos, sempre se referia a ela como madrinha da Santa Casa. Há poucos dias, a atual diretoria, liderada por Esacheu Cipriano Nascimento, deu início à comemoração do centenário de fundação do hospital. Na solenidade de inauguração da placa que dá nome ao edifício principal da instituição – dr. Arthur D’Ávila filho – foram prestadas as devidas homenagens ao casal Pedro Pedrossian e Maria Aparecida, em sinal de reverência e agradecimento.

Maria Aparecida Pedrossian, uma primeira-dama exemplar.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado

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