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Propósito de vida e de carreira: Expectativa x Realidade

Por Mylena Cuenca* | 07/07/2019 15:02

A busca por propósito profissional tem se tornado o grande desafio e anseio das novas gerações em relação à carreira. Onde quer que a gente vá, ouvimos o discurso empoderador convidando todos os profissionais a trabalharem com aquilo que amam, a escolherem profissões, empresas e postos de trabalho que estejam alinhados com seus valores pessoais.

No entanto, ao mesmo tempo que essa filosofia cresce e se espalha, aumenta também a onda de insatisfação profissional. É muito comum, quando conversando com amigos e familiares, ouvirmos todos se queixando de seus trabalhos, querendo mudar de emprego, desejando realizar uma transição de carreira para outra área, buscando desenvolver uma nova profissão, entre outros objetivos e metas ligados a uma transformação. A promessa de que todos temos um propósito de carreira e de que podemos encontrar a plena felicidade no ambiente de trabalho tem deixado as novas gerações, principalmente as gerações Y e Z, ansiosas e frustradas em relação a suas próprias expectativas e resultados na vida profissional.

As novas gerações dão muito valor e importância para a qualidade de vida e flexibilidade no ambiente de trabalho. O bem-estar faz parte de um requisito básico para ser feliz na carreira e poder conciliar a vida profissional com os desejos e prazeres da vida pessoal é algo muito avaliado pelos jovens. Liberdade, autonomia, reconhecimento, projetos desafiadores, ambientes de trabalho divertidos, liderados por resultado, são algumas das maiores expectativas em relação a um “bom lugar para se trabalhar”. Quanto maior a realização pessoal, mais produtivo e eficiente esse profissional se torna, ganha reconhecimentos, promoções, preserva a cria relacionamentos, e assim se sente contribuindo significativamente para a companhia e cria um ambiente agradável para se trabalhar.

A frustração em relação ao trabalho está ligada ao tamanho da expectativa que os profissionais estão criando. Quanto maiores as promessas feitas pelas empresas, maior o nível de ilusão em relação ao trabalho, mais chances de se decepcionar e se desencantar com o “sonho” da vida profissional.

Isso porquê, enquanto a geração anterior costumava fazer carreira durante anos no mesmo lugar e trabalhando mais de 12 horas por dia, a geração de hoje prefere focar em fazer mais em menos tempo para serem produtivos e terem qualidade de vida. Ao mesmo tempo, eles morrem de medo de ficarem estagnados e presos em uma “zona de conforto”. Querem mudança, promoções rápidas e desafios para serem cumpridos em um curto espaço de tempo. Por isso é tão importante que desde o início o recrutamento de pessoas dessa geração esteja alinhado com a cultura organizacional, além disso, transparência em relação aos valores organizacionais e plano de carreira é a melhor maneira de garantir o bem-estar no ambiente de trabalho e evitar problemas futuros e frustrações entre todos os envolvidos em uma contratação.

Cada um precisa refletir e estabelecer o que é sucesso profissional para si mesmo. Sem autoconhecimento, o nível de ansiedade tende a crescer, afinal, quando não sabemos o que fazer com nossas vidas, tendemos a nos comparar com nossos colegas e amigos, buscando o mesmo que essas pessoas estão buscando. Se conectar consigo mesmo é a única forma de descobrir o que te fará feliz na carreira e a única comparação realmente justa que podemos fazer é nos compararmos com a nós mesmos, ou seja, se perguntar: O quanto estou evoluindo em relação a quem eu era há um ano? Essa decisão/empresa vai me colocar mais próximo ou mais longe das minhas metas pessoais? Eu tenho clareza sobre o que estou buscando e sobre quais são as minhas metas na carreira?

Da mesma forma é importante reconhecer os próprios erros, saber lidar com as derrotas, ressignificando as decisões ruins, esses, na minha opinião, são recursos valiosos para uma carreira saudável e feliz. Ninguém é feito apenas de sucessos. E mesmo quem está no topo do sucesso, já caiu e já errou diversas vezes pelo caminho. Portanto, aprenda a lidar com aquilo que não está bom, tudo é um aprendizado. É praticamente impossível encontrar um ambiente de trabalho, uma carreira ou profissão em que tudo seja perfeito. A felicidade é resultado de equilíbrio entre as nossas expectativas e os resultados que conseguimos gerar, esse é o grande segredo para uma vida profissional feliz. Diminuir a auto cobrança por resultados imediatos e entender que o sucesso na carreira é uma construção que pode ser em curto, médio ou longo prazo, tendo em vista que as coisas acontecerão no momento em que tiverem que acontecer, também são decisões importantes e que exigem maturidade pessoal e profissional.

Além do trabalho, é importante construir espaços de realização e felicidade na vida pessoal. Ter qualidade de sono, desenvolver hobbies, praticar exercícios físicos, meditação, se envolver em cursos, dedicar tempo para família e amigos são formas de manter a vida mais leve e assim aumentar também nosso coeficiente geral de felicidade em relação a vida como um todo, muitas vezes, nossa realização pessoal e o nosso ‘propósito de vida’ se concretiza nas coisas e nos momentos mais simples.

*Mylena Cuenca é headhunter na Trend Recruitment e formada em administração de empresas pela Universidade presbiteriana Mackenzie.

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