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Quantos anos tenho

Por João Bosco Leal (*) | 11/04/2011 08:54

Diz uma lenda, que certa vez um jovem perguntou a Galileo Galilei quantos anos ele tinha, e a resposta foi: oito ou dez anos, o que contrastava com suas barbas brancas, e deixou o jovem bastante intrigado.

Galileu teria então explicado, que os anos que ele tinha eram os que provavelmente lhe restavam de vida, pois os que já viveu, não os tinha mais, assim como também já não possuía as moedas que gastara. A inteligência, o amadurecimento e o conhecimento de Galileo o fizeram assim responder.

Confesso que nunca havia pensado dessa maneira, muito mais lógica, racional, e, com esse ensinamento de Galileo, acabo de entender que minha idade é de 20 ou 30 anos, pois já próximo dos 58, imagino que, se tudo correr bem, viverei mais uns 20. Positivamente pensando, 30.

Com os avanços da medicina, que aumentam constantemente, quem sabe, poderei viver até mais uns 40 anos, mas com o aprendizado por mim já obtido, acredito que seria muito cansativo, tanto para mim, como para os meus, se ainda vivesse mais do que 30 anos.

Com mais 30 já teria uma vida de bom tamanho. Certamente teria tido tempo suficiente para tentar alcançar meus projetos, conviver com filhos, netos e talvez até bisnetos, de modo a ter certeza de haver fincado raízes, o que penso ser fundamental para o ser humano.

Como qualquer espécie, animal ou vegetal, a vida não teria sentido se, antes de partirmos, não pudéssemos deixar novas sementes plantadas, recém nascidas, em crescimento, adultas e outras já maduras.

Com a resposta de Galileo, reafirmei meu pensamento de que cada dia, mês ou ano que ainda temos, deve ser usado para fortalecer essas sementes, irrigando as agora já brotadas e em crescimento, com as experiências pelas quais já passamos, boas e ruins, de modo a permitir-lhes um crescimento e um amadurecimento mais fácil, constante, sem tropeços desnecessários.

Com o que já vivemos e, consequentemente aprendemos, podemos mostrar aos outros onde estão as pedras que nos fizeram tropeçar, e onde estão as nascentes, para que não lhes falte água em seu crescimento, o que, só ocorrerá se encontrarmos alguém interessado em nos questionar, ouvir.

Podemos falar inclusive sobre nossos erros, perdas de tempo e energia gastos com pequenas coisas, que nada nos acrescentaram e em nada nos ajudaram. Com o tempo diminuindo a cada dia, é normal deixarmos de dar importância para coisas que antes nos eram caras.

Palavras proferidas ou mesmo atitudes de outros que nos incomodavam deixam de ser importantes. E tentar mostrar ou provar algo para alguém que pensa diferente é uma coisa que aprendi não valer a pena.

Algumas de nossas palavras e atitudes certamente podem ter causado algum mal estar, ou talvez irritação em algumas pessoas, que não pensam ou não agiriam da mesma forma. Sobre isso certamente me desculparia, com todas aquelas com que hoje eu reconheço haver errado.

Com outras não me desculparia, por continuar pensando do mesmo modo, porque nunca agradaremos a todos, e não devemos nos agredir, destruir, indo contra nossos princípios morais e éticos, ou contra o que pensamos, só para agradar alguém.

Nos anos que penso que tenho, tentarei mostrar aos que quero bem, às minhas sementes, o porque, em determinadas situações, penso ou ajo diferente deles, e não poderia me anular somente para agradá-los.

(*) João Bosco Leal é produtor rural.

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