ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 22º

Artigos

Quousque tandem, ego meo, abutere patientia mea?

Por Heitor Freire (*) | 15/09/2018 08:46

O processo de autoconhecimento que deve ser uma prática constante em nossas vidas nos leva, paulatinamente, a descobrir a existência de um componente que se revela profundamente pernicioso em nossa evolução: o ego.

O ego nos domina de uma forma escravizante. Inventa uma série de necessidades inexistentes, criando uma ilusão de poder, de conquistas, de realizações que, na realidade, tornam-se um mecanismo de dominação dele sobre nós.

A pressa e a preguiça são frutos do ego. Com a pressa, deixamos de estar presentes no agora e passamos a agir fora de nós mesmos, ou seja, não estamos aqui nem ali. E esse estado irreal nos conduz a ações precipitadas e inconsequentes.

Por outro lado, a preguiça nos induz a adiar o que devemos fazer no momento para mais tarde, e assim deixamos de aproveitar o instante em que a vida se realiza: o agora.

Outra forma de domínio do ego é quando as pessoas se deixam levar por discussões por qualquer motivo, gerando brigas, agressões e atitudes muitas vezes inconciliáveis. Nesse momento passamos a julgar uns aos outros. Precisamos nos dar conta de que cada indivíduo é único. O ego nos leva a agir de forma a comparar as pessoas. E, assim, a julgá-las.

Quando atingimos a maturidade por meio do autoconhecimento, chegamos a um estado de equilíbrio que produz clareza – que começa com a palavra clara e certa e se reflete no pensamento. Tudo começa com a palavra: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo, 1, 1-5).

Dentre os artifícios que o ego usa para nos dominar, vou relacionar alguns para que cada um possa identificá-los e assim buscar sua própria independência desse poder.

1. Um ponto importante é não permitir que sejamos ofendidos. Quem ofende e quem se sente ofendido é o ego. O conflito nasce na resposta. Não havendo resposta, não há atrito.

2. Liberar a necessidade de vencer. Vencer e perder fazem parte da vida. Sempre haverá alguém mais inteligente e mais capaz. É só entender e aceitar.

3. A necessidade de estar sempre certo. A posição intermediária é a do observador.

4. Vencer a vontade de ser superior. Focar nossas atitudes em melhorar nosso desempenho pessoal. Ninguém é melhor do que o outro. Todos somos filhos de Deus, emanando da mesma fonte.

5. Vencer a necessidade de possuir cada vez mais. O ego nos submete a um desejo constante de sempre querer mais. Estamos permanentemente ligados à Fonte Universal que nos supre do essencial.

6. Deixar de nos vangloriar de nossas próprias realizações. Ninguém faz nada sozinho, somos instrumentos de Deus, que nos permite a oportunidade de trabalho pessoal, porque sem Ele nada se faz.

7. Abandonar a reputação. Quem precisa da reputação, que depende dos outros, deixa de agir com aquilo que lhe é inerente: o seu caráter.

Seguindo esses passos, vamos acabar descobrindo o nosso verdadeiro eu, que se encontra no coração de cada um de nós. Observem que toda cada vez que nos referimos a nós mesmos levamos automaticamente, as mãos ao peito. Pois foi ali que Deus colocou o seu mandamento, como Ele mesmo disse a Moisés no livro Deuteronômio 30, 11-14. E, assim, encontraremos o maior de todos os tesouros, o EU SOU.


(*) A construção do título deste artigo em latim (Até quando meu ego, abusarás da minha paciência?) contou com a inestimável colaboração do meu amigo, dr. Methódio de Arruda Filho, a quem agradeço penhoradamente.

 

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

 

Nos siga no Google Notícias