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Seleção de material de plantio de mandioca: receita de sucesso

Auro Akio Otsubo* | 26/03/2013 12:27

A gangorra dos preços pagos aos produtores de mandioca na região Centro-Sul do Brasil, ora em alta, ora em baixa, frequentemente é objeto de notícias nos meios de comunicação regional. No momento, a mandiocultura vive uma fase de alta em que os lucros recebidos pelos produtores garantem ótima rentabilidade, tanto por tonelada produzida, quanto por unidade de área. Porém, o que é motivo de alegria para o setor, também gera preocupações, particularmente para a próxima safra.

Historicamente, há um incremento significativo na área plantada quando se observa o quadro atual de preço. O produtor, no empenho de antecipar o plantio e ampliar a área plantada para aproveitar o momento, muitas vezes não planeja o seu sistema de produção e esquece do básico, como por exemplo, uma boa seleção do material de plantio. Esse quesito pode assegurar boas produtividades e determinar o lucro. Mas, se a seleção do material não for levada em consideração, pode haver prejuízo, porque os preços podem despencar de tal forma que não cubra os custos de produção. Esse filme já foi visto várias vezes e o final todos conhecem.

A mandioca, diferentemente dos grãos, como por exemplo, a soja e o milho, que possuem uma logística de produção de sementes que garantem pureza genética, sanidade, uniformidade e vigor, não possui mecanismos que garantam a qualidade do material de plantio. A utilização de sementes na cultura da mandioca se restringe a trabalhos de melhoramento genético feitos pelas instituições de pesquisa como a Embrapa, o IAC e o IAPAR. A propagação dos cultivos comerciais se dá de forma vegetativa, por meio de plantio de pedaços da rama, denominado de manivas.

A boa seleção do material de plantio começa pela escolha correta da variedade e isto depende da finalidade da produção. Por exemplo, se for para a mesa, o produtor deve selecionar aquelas que atendam as exigências do consumidor e características como a cor da polpa, cozimento e padrão da massa cozida torna-se importante. Se for para o processamento industrial - para a produção de farinha ou fécula-, deve-se selecionar materiais com alta produção de matéria seca nas raízes, porque os preços pagos estão atrelados a esse indicador.

Outro fator importante para a análise é a sanidade das ramas. Doenças como a bacteriose, o superalongamento, a podridão radicular, e pragas como a cochonilha, os ácaros e as brocas podem ser disseminados via material de plantio. Por isso a introdução de novos materiais na propriedade deve ser criteriosa, porque a importação de ramas, de vizinhos ou de outras regiões, pode resultar na introdução de novas pragas ou doenças para locais até então isentos.

Entre os aspectos agronômicos das manivas que o produtor deve observar estão a idade das plantas-mãe, a posição das ramas na planta, a quantidade de reservas, o diâmetro, o tamanho da maniva e o ângulo de corte.

Os materiais de plantio devem ser oriundos de lavouras que tenham sido bem conduzidas, com boa produção de raízes e que não tenham ocorrido ataques de pragas, doenças ou infestação de inços, particularmente nos primeiros estágios do seu ciclo. As ramas devem apresentar boa nutrição, resultante de uma adubação equilibrada, notadamente por potássio.

Se o produtor utilizar sua própria rama, a seleção deve ser feita durante o cultivo da safra anterior, através da seleção dos talhões que lhe vão conferir as qualidades desejáveis citadas. Cada hectare pode produzir de 16 a 20 m3 de ramas, suficientes para realizar novos plantios em 4 a 5 hectares.

A boa seleção e o preparo do material de plantio de mandioca são essenciais para a garantia de uma boa população de plantas, vigorosas e produtivas que podem fazer a diferença na produção total, aliados ao fato de que não aumentar do custo final de produção. Contudo, é necessária a maior participação do produtor e dos agentes técnicos no acompanhamento e na gestão da condução do processo produtivo da mandioca, o que é normal para qualquer atividade que vise lucro.

Auro Akio Otsubo (*)Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.

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