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Só pode ter sido Deus quem mandou Jesus redescobrir o futebol brasileiro

Por Paulo Nonato de Souza (*) | 04/12/2019 10:48

Se o navegador Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, o também português Jorge Jesus redescobriu o futebol brasileiro. Com Jesus de treinador e João de Deus como auxiliar (sim, João de Deus, este é o nome do auxiliar-técnico), o Flamengo está jogando exatamente o que jogava até as décadas de 1970 e 1980. Não só o Flamengo, mas todo o futebol brasileiro naquele passado de glórias.

Era uma época em que os nossos clubes excursionavam pela Europa e encantavam o mundo. A Seleção Brasileira entrava em campo e a dúvida era de quanto venceria, porque a vitória era certa. A Seleção era o espelho dos nossos clubes, formada em sua grande maioria por jogadores verdadeiramente brasileiros, não tinha a supremacia dos “europeus” de hoje.

Em 1998, com a criação da Lei do Passe Livre, mais conhecida como Lei Pelé, os empresários passaram a mandar nos clubes ao gerir a vida pessoal e a carreira dos jogadores, e de impulso na decadência técnica do futebol brasileiro, que já era iminente em meio a uma estrutura podre e corrupta da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

O futebol na Europa evoluiu, dentro e fora de campo, e duas décadas depois da aprovação da Lei Pelé e do domínio dos empresários, os clubes brasileiros se tornaram escolinhas, uma espécie de categoria de base dos clubes europeus, que souberam fazer do nosso passado de glórias o seu presente.

Antes de Jorge, o Jesus, as novas gerações de brasileiros sequer imaginavam o quanto o futebol brasileiro já foi competitivo e belo. Agora podem não só imaginar, mas constatar e admirar o verdadeiro futebol brasileiro. Basta ver o Flamengo jogar. Ao conseguir fazer com que os jogadores do Flamengo joguem como os brasileiros jogavam, Jorge, o Jesus, mostra que nem tudo está perdido, e que há esperança.

O brasileiro é antropófago de natureza, está sempre querendo engolir o outro, quando deveríamos aprender a partir dos defeitos e qualidades de cada um e evoluirmos juntos, mas quero acreditar que o exemplo do Flamengo terá seguidores. Afinal, basta jogar como se jogava no Brasil. A receita é nossa.

(*) Paulo Nonato de Souza é jornalista com experiência na área esportiva desde a década de 1970 e já esteve na cobertura de três Copas do Mundo.

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