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Sudeste lidera a economia brasileira

Por Benjamin Salles Duarte (*) | 16/05/2017 09:36

A região Sudeste lidera a economia brasileira. Mas o conceito e a prática de sustentabilidade econômica, social e ligada aos recursos naturais, com suas singularidades, indicadores, demandas e ofertas devem ser constante preocupação estratégica no planejar dos governos, numa perspectiva de tempo, para que sejam reduzidas as desigualdades, em um país continental como o Brasil.

O país tem 207,4 milhões de habitantes, e Minas Gerais, 21,1 milhões (IBGE, 4/5/17), sendo 85% concentrados nas cidades e regiões metropolitanas, fato demográfico comum aos países mais avançados e em desenvolvimento. Isto acarreta pressões hercúleas sobre os territórios urbanos e confirma que poucos no campo produzem para sustentar milhões de brasileiros e exportar. Em 1950, o Brasil abrigava 63,8% da população total no campo (Seapa-IBGE).

Entretanto, é estratégico que o país, que foi povoado do litoral para o interior desde 1500, tenha programas e projetos para consolidar ainda mais a agroeconomia nas regiões tradicionais e naquelas vocacionadas para grandes projetos agrícolas, incluindo-se a agricultura irrigada, pecuárias e florestas sustentáveis. São muitos os bons exemplos em Minas, onde se destacam estas práticas: Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste. No Brasil, destacam-se Mato Grosso do Sul, Mato Grosso (que deve liderar a produção brasileira de grãos em 2016/17), Goiás, e ao que se podem acrescentar os avanços presumíveis do agronegócio num horizonte de tempo, no Maranhão, Tocantins, Piauí e na Bahia (Matopiba).

Porém, isso não significa abandonar a agricultura de montanha, praticável, em função das múltiplas vocações regionais, com tecnologias apropriadas e pactuadas em nível de campo. Ainda é o caso do café cultivado nas regiões montanhosas do Estado. Em média, Minas Gerais responde por 50% da oferta brasileira de café, e essa cultura emblemática também avança nos cerrados, como em Patrocínio.

Assim posto, nesses cenários mais abrangentes, segundo o IBGE, a região Sudeste brasileira concentra altas taxas de urbanização e tem o seguinte perfil: São Paulo, 96,6%; Rio de Janeiro, 97,3%; Minas Gerais, 84,6%; e Espírito Santo, 84,5%, com média geral de 90,7% (MME-2012). O Sudeste ocupa apenas 11% do território nacional, mas responde por 55,4% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.

Se se mantiver esse percentual do PIB nacional em 2016, a preços correntes e apenas para efeito de cálculo, o PIB Sudeste atingirá R$ 3,46 trilhões dos R$ 6,26 trilhões do Brasil. Mas novos dados podem alterar essa configuração econômica concentrada. E também os recursos hídricos para múltiplos usos nos cenários rural e urbano, pois a água é uma só para todas as serventias.

De acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas), o Sudeste abriga 6% da água doce de superfície. Um desafio e tanto, sem dúvida, o que não é caso muito específico de Minas Gerais ao concentrar no seu território, com 58,6 milhões de hectares, malhas hídricas estratégicas.

Além disso, as inovações poupadoras desse recurso natural, insubstituível, incluem as boas práticas no manejo do solo e da água, que não devem ser subestimadas nas bacias hidrográficas. O processo de urbanização é irreversível e nele se concentra a substantiva massa salarial e o predomínio absoluto dos consumidores de alimentos, fibras, biomassa, agroenergia e produtos dos sistemas florestais, entre outras vertentes da economia brasileira.

Entretanto, nos sistemas agroalimentares, faço uma alusão histórica devida ao engenheiro agrônomo Sérgio Mário Regina, extensionista mineiro de ponta e com extraordinário domínio das tecnologias de horticultura, reafirmava sempre: “Da semente ao guichê”. Por este eixo também transitam o vigoroso agronegócio mineiro, as políticas públicas, os talentos humanos nas artes de plantar, criar, abastecer e exportar.

Há que se repetir que, entre 2014 e 2016, segundo o MAPA, o agronegócio brasileiro gerou superávit acumulado de US$ 226,58 bilhões, dinheiro para ninguém botar defeito e numa economia claudicante como a que se vive nesse país continental, embora já com alguns sinais de melhoras e esperanças também para 14,2 milhões de desempregados, número 4,9 vezes maior do que a população de Brasília (2,9 milhões de habitantes em 2016) e quase duas vezes superior à população da Àustria (8,6 milhões de habitantes em 2016).

(*) Benjamin Salles Duarte é engenheiro agrônomo.

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