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Suicídio: previsão e aceitação

Por Amanda Micheli Mariano de Mello (*) | 17/10/2016 14:43


Na atualidade tem havido um aumento do número de suicídios na adolescência e na juventude, já sendo considerado como a segunda causa da morte de jovens entre 15 e 30 anos. Ainda que dados estatísticos demonstrem esse aumento, praticamente não houve avanço no pensamento que as pessoas têm do indivíduo suicida, inclusive entre os profissionais de saúde, muitas vezes esse ato é visto como uma “ousadia audaciosa”, falta de responsabilidade, inconsequência, amor à vida e até mesmo fraqueza.

Vastos motivos são posicionados como responsáveis pelo aumento do suicídio nessa fase da vida, como: as drogas; a timidez; o fracasso escolar; problemas de relacionamento familiar, sentimental e sexual; porém, esses fatores se mostram mais potentes se vierem acompanhados da depressão, que se apresenta como a principal causa de suicídio nessa faixa etária.

Os principais sinais e sintomas da depressão são o humor triste e a perda acentuada de interesse e prazer pelas atividades do dia-a-dia. A estes se agregam as alterações do sono e apetite, a fadiga, os problemas de concentração, de memória, dificuldade em tomar decisões e a agitação ou lentidão psicomotora. Ademais, podem suceder sentimentos de desesperança, de desvalorização pessoal e de culpa excessiva. Em casos mais graves surgem pensamentos sobre morte, ideias suicidas e plano suicida ou mesmo tentativa de suicídio.

Outrora, acreditava-se que a depressão só atingia indivíduos adultos, mas hoje se sabe que ocorre em todas as idades, inclusive na adolescência, fase da vida do ser humano repleta de perdas e cobranças: perda do corpo e da identidade infantil; cobrança de atitudes e responsabilidades de adulto, etc.

Como no adulto, a depressão na adolescência está relacionada com a falta de circulação de algumas substâncias que auxiliam no bom funcionamento do nosso cérebro. Associado às dificuldades deste período e a uma genética favorável, essa deficiência nas células nervosas pode desencadear um episódio depressivo, o qual, se não tiver a devida atenção e tratamento, conduz a ideias suicidas e até mesmo ao ato em si.

O suicídio ocasionado por uma depressão não é um ato súbito, na maioria das vezes, é elaborado anteriormente com a escolha do dia, da hora e do meio de praticá-lo, dessa forma podemos observar criação de grupos em redes sociais, visando marcar hora e qual a melhor estratégia de morrer.

Enfatizando assim, que o adolescente com pensamentos suicidas e depressivos, geralmente, dá sinais e “avisos” de seus sintomas, como: diminuição da autoestima, irritabilidade, inquietação, isolamento no quarto, e, principalmente, é aquele jovem alegre e expansivo, que começa a demonstrar desinteresse e afastamento das pessoas, objetos e situações que gostava antes. Além disso, alguns adolescentes expressam também através de palavras as suas intenções ou até que são um “fardo para os pais e sociedade”, etc.

A visão distorcida que a sociedade e família tem do comportamento suicida leva, algumas vezes, a uma resistência na busca de auxílios psicológicos desses adolescentes. Na pratica, dificilmente há percepção de que, como bem disse Augusto Cury (no seu livro O Futuro da Humanidade), o indivíduo que comete suicídio não está buscando a morte, mas sim acabar com um sofrimento insuportável que o aflige.

Discernir a origem do sofrimento é de suma importância o principal ponto para reabilitação desse jovem, para tal, o primeiro passo é fazer uma análise mais apurada dos seus sinais e pedidos de “socorro”, para iniciar o acompanhamento médico e psicológico necessários.

(*) Amanda Micheli Mariano de Mello é acadêmica de Engenharia Ambiental na UFMS.

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