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Temporários e a necessidade de formação de mão de obra

Por Vander Morales (*) | 17/03/2011 11:16

O segmento de serviços temporários tem revelado enorme potencial na colocação de trabalhadores no mercado. No último final de ano, por exemplo, a modalidade preencheu mais de 140 mil vagas, com duas características particularmente auspiciosas: quase 40 mil foram efetivados depois do Natal, contribuindo, assim, para os bons resultados do crescimento do emprego formal, e cerca de 30% dos temporários eram jovens que conseguiram seu primeiro emprego.

Além disso, está ficando ultrapassada a noção de que a demanda para temporários ocorre apenas nos picos de comércio de datas sazonais como Natal, Dia das Mães, Páscoa ou Férias. Pesquisas feitas pelo Instituto de Pesquisa Manager (Ipema), a pedido da Asserttem e do Sindeprestem, mostram que essa demanda por temporários ocorre durante os doze meses do ano, em média mensal que superou 900 mil pessoas/dia em 2010.

Esta modalidade de contratação atua como ferramenta de propulsão profissional. O trabalhador sai do desemprego para o emprego e, depois, de temporário para efetivo.

Embora preliminares, levantamentos para a próxima Páscoa ilustram esta realidade. A busca por temporários para a cadeia produtiva industrial já começou. No ano passado, cerca de 64 mil temporários foram colocados na indústria e no comércio de chocolates, 5,5% a mais do que o registrado no mesmo período de 2009.

Este ano, com a economia aquecida, a previsão é que o número seja 10,5% maior, alcançando a contratação com carteira assinada de 70 mil trabalhadores temporários. Deste total, 28% deverão ser efetivados após a data. Em torno de 15 mil postos poderão ser ocupados por jovens no primeiro emprego.

Os dados demonstram cabalmente: a prestação de serviços temporários e/ou terceirizados alcançou no Brasil maturidade inquestionável. Não por acaso, nosso País é o quarto no ranking desta modalidade, atrás apenas de Estados Unidos, Japão e Reino Unido.

É certo que convivemos há décadas com inaceitáveis anomalias. As leis que regulamentam o Trabalho Temporário estão superadas, o que dá margens para interpretações dúbias, quando não equivocadas.

No caso da Terceirização, o problema é ainda mais grave. Vivemos sob um intolerável vácuo jurídico, que não interessa a ninguém, empresas tomadoras ou trabalhadores. Muito menos às prestadoras de serviços, na sua imensa maioria empreendimentos sérios, que cumprem com todas as suas obrigações trabalhistas e geram numerosos empregos - 2,5 milhões em 2010.

A ausência de legislação só beneficia a minoria de empresas de fachada que, além de precarizar as relações de trabalho, exercem concorrência desleal contra empreendedores idôneos do setor. Nossa expectativa para este tema é otimista.

Estamos convencidos que os novos governantes e legisladores breve inscreverão em Lei as regras da Terceirização sadia, reconhecida pela sociedade brasileira como uma modalidade modernizadora das relações trabalhistas, indispensável, aliás, para equiparar a produtividade brasileira à de seus principais competidores internacionais.

Resta, porém, uma questão crucial. Refiro-me à baixa qualificação e à precária formação educacional do trabalhador brasileiro. O problema atinge todos os setores e, em momento de ampla oferta de empregos como estamos assistindo, ganhou até uma marca: “apagão de mão de obra”. Mas, para o segmento das empresas de prestação de serviços, cujo diferencial é justamente a especialização de seus trabalhadores, as dificuldades são ainda maiores.

Vários indicadores mostram a urgência de se equacionar definitivamente a questão. O Brasil colide com vários empecilhos ao aumento da empregabilidade de seu trabalhador. A começar pela base educacional: segundo o Programa Mundial de Avaliação da Educação (PISA) ocupamos a 56ª. posição entre os países pesquisados.

Não por acaso, a informalidade no Brasil chega a 40%, ante 16,5% na média de países emergentes, segundo dados do Banco Mundial. Consequência nefasta: mais de 1,7 milhão de vagas oferecidas não foram preenchidas já em 2009.

Poderia listar vários outros indicadores do nosso atraso, seja a ausência de maior qualificação, ou a necessidade de especialização no caso dos trabalhadores que as prestadoras de serviços procuram oferecer ao mercado: temporários com base educacional sólida e terceirizados com preparo para assimilar as competências exigidas em mercados cada vez mais ávidos por profissionais que ampliem a produtividade das empresas.

Penso que basta o alerta. Para ter êxito nesta quadra de prosperidade que se abriu ao País, não há como negligenciar a urgência de pôr em prática mecanismos que, de fato, formem nossos trabalhadores.

(*) Vander Morales é presidente da Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário) e do Sindeprestem (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo)

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