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Velho Apocalipse; Novo Gênesis

Por Fabiano Ricardo de Oliveira Bellesia (*) | 29/06/2013 07:22

Aparentando uma disfunção momentânea de seus mecanismos de autopreservação, o organismo de manipulação global tem se exposto como nunca. Em nenhum outro momento da história, foram feitas tantas elucubrações ordinárias consoantes com a Teoria de Sistemas como nos últimos anos. Produções cinematográficas como Matrix, Clube da Luta e Tropa de Elite II já denunciavam a existência de uma superestrutura de indução atuando incessantemente sobre nossas vidas, drenando recursos e se retroalimentando, porém de maneira sutil, quase imperceptível aos nossos sentidos.

Iniciado pela Primavera Árabe, o movimento de desestruturação da chamada ordem mundial contemporânea perturbou o Impávido Colosso que agora se insurge contra o Estado, guiado pelo único e legítimo titular do poder: o povo. Em uma mobilização sem precedentes, a torrente de protestos espalha-se pelo país feito uma epidemia febril e os consequentes tremores abalam consideravelmente até a estabilidade das mais sólidas nações.

As mídias de massa, os governos, os bancos e os demais operadores do ultrassistema – sob a ótica de Lassale, os fatores reais de poder - certamente vão reagir. E a reação gradativamente tornar-se-á mais e mais hostil. Como num processo inflamatório, o organismo atacado tentará expurgar de si seus invasores, mobilizando forças e exércitos, restando baixas de ambos os lados, com óbvio predomínio do lado mais despreparado.

Haverá uma guerra de informação e contrainformação. Este turbilhão de incertezas e insegurança nos deixará vulneráveis a infecções secundárias causadas por germes sociais oportunistas. Impossível deixar intangível a lembrança de que foram justamente nessas ocasiões de comoção pública que líderes extremistas como Hitler ascenderam ao controle de potências, cuja nuança comum foi a investida sobre seus próprios cidadãos e o esmagamento de minorias.

Ainda que não nos deixemos seduzir pelos discursos verborrágicos, seremos irremediavelmente compelidos a lutar ou a fugir. Dentre àqueles inveredados nos campos de batalha, muitos perecerão sobre as armas estatais e na mesma medida serão tomados como mártires. Mas viver a glória destes dias é um privilégio regozijante que, se não alivia os temores da alma; inquieta, anima o espírito beligerante que jaz em cada ser humano que habita este mundo.

No fim, uma odisséia com dois prováveis desfechos. No primeiro, venceremos e o sistema entrará em colapso. No entanto, teremos a responsabilidade de criar um novo; tão confiável em funcionamento quanto seu antecessor. No segundo, o autômato gigante vencerá e continuaremos nossas vidas do ponto em que fomos acordados. A máquina de ilusões retoma o controle e restabelece o torpor coletivo no qual estávamos mergulhados. Em qualquer um dos cenários, uma coisa é certa: algo irreversível já acontecera, teremos sido infectados uma vez, e esse vírus estará incubado para sempre dentro de nós, apenas esperando a próxima depressão imunológica para novamente nos despertar.

(*) Fabiano Ricardo de Oliveira Bellesia é analista de sistemas, mestre em Ciência da Computação e acadêmico de Direito.

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