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Vestibular, prova, concurso: estudar e lembrar

Odair J. Comin * | 31/01/2012 07:03

Desde o alvorecer de nossa existência, nos ensinam a olhar para fora de nós mesmos. E assim continuamos pela vida afora. Quando estamos a apreender o mundo, é natural que nosso alimento seja muito mais externo, por isso o foco no que está fora. Mas aos poucos, é necessário intercalar e, voltar-se também para o interno. Não temos controle sobre o real, portanto, a frustração é sempre uma possibilidade. No que depende de nós, precisamos aprender a lidar de forma saudável com esse real. Para que ele não nos faça mal. Antes sim, tirarmos proveito.

Essa dinâmica de focar no externo cria um padrão que por vezes não temos consciência, mas que nos domina. O hábito de direcionar a atenção no que está fora do nosso alcance, como fazer comparações com o outro, por exemplo. A prática de focar no que não sabemos, em detrimento do que sabemos. O costume de convergir para o que não queremos em detrimento do que queremos. Na ansiedade, ao invés da tranquilidade, na tensão ao invés do relaxamento. Na medida em que focamos no que não é, nos afastamos do que é. Se procurar no lugar errado, como poderá encontrar?

Contudo, o tema aqui é sobre os momentos em que nos colocam à prova. Quando desejam testar seu conhecimento, querem saber o quanto você sabe. Ora, deve saber muito, afinal, estudou horas e horas sem descanso, leu isso mais aquilo. Presenciou diversas aulas, ouviu áudios sobre a matéria, trocou impressões com colegas, até dormiu sobre o livro. É provável que haja muita informação armazenada em sua memória. Por que então, lhe parece insuficiente o que sabe, que assimilou pouco, que lembra menos do que gostaria? Digo que as informações estão onde você as deixou, mas onde foi que as deixou?

Com tudo o que entramos em contato, independente da forma, é armazenado na memória. E que tudo o que está dentro de si é seu, e assim sendo, tem acesso irrestrito. Porque então procura e não encontra? Eis o que demanda sua curiosidade. Podemos tecer algumas hipóteses. Como dito, nossa atenção sempre mais voltada para o externo. Durante a vida nos especializamos para sermos bons comunicadores, aprendemos como passar informações de forma eficiente, nos fazermos ser compreendidos. Estabelecemos uma conexão cada vez mais próxima com a internet, o Google, por exemplo. Isso nos desautoriza, lentifica nossa mente, a deixa preguiçosa. Para tanto, é necessário equilíbrio, podes permanecer com a conexão externa, todavia, deve-se treinar também a interna. Diria que somos descuidados quanto a nos comunicar com nós mesmos.

Tal comunicação é possível, na medida em que nos voltamos inteiramente para nosso mundo interno, no exercício de lembrar. Sempre após estudar, feche os olhos para o externo e abra para o interno. Faça uma endoscopia. Deseje conhecer dentro de si, queira saber onde as informações são armazenadas, crie intimidade com elas. Crie formas de organizar as informações de um jeito particular, algo que tenha significado para você. Crie pontes que te conduzam até elas sempre que precisar. Na medida em que estuda, e simplesmente joga as informações dentro de si e as abandona, o mais certo é que tais conteúdos abandonem você. É necessário criar um envolvimento. Assim como criamos relação com as pessoas, ou com tudo o que gostamos. É importante também criar essa ligação com os conteúdos estudados. Nossa mente será tão generosa quanto formos com ela. Direcione sua atenção à mente, crie laços com os conteúdos, e tudo estará disponível quando precisar.

*"Odair J. Comin é psicólogo clínico formado pela UniFMU-SP, especializado em hipnoterapia pelo Instituto Milton Erickson de São Paulo, e Practitioner em Programação Neurolinguística. Seu trabalho é centralizado em atendimentos individuais na Clínica Delphos. (http://www.clinicahipnose.com.br).

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