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Você ganhou ou perdeu seu voto?

Por Waldevino Basílio (*) | 21/10/2018 10:52

Passado o primeiro turno das eleições, já temos uma visão de como será o novo Congresso Nacional. Conforme o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), houve uma renovação de 52% na Câmara e 85% no Senado. No entanto esse Congresso “será mais liberal na economia, mais conservador nos costumes e mais atrasado em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente do que o atual. Organizado em torno de bancadas informais — como as evangélicas, a da segurança/bala e a ruralista — será o mais conservador desde a redemocratização”.

Lembrando que os conservadores contra qualquer mudança que não os beneficie diretamente São opositores ferrenhos a qualquer discussão sobre a legalização do aborto, em qualquer fase da concepção, inclusive por estupro ou má formação do feto. São contra as pesquisas ou o uso das células tronco no tratamento de doenças, apenas para citar alguns exemplos.

Já os liberais defendem o Estado Mínimo, a demissão dos servidores públicos, a redução de gastos e a privatização da saúde e da educação. Também, querem o fim dos gastos sociais, tais como o bolsa família.

A bancada do Mato Grosso do Sul, majoritariamente, é conservadora/liberal.

Ainda conforme o DIAP, quanto ao aspecto ideológico, houve um crescimento da direita, com 209 Deputados. As demais correntes de pensamento estão assim dispostas: a centro-direita, com 94 deputados; o centro, com 75, a centro-esquerda, com 60 e a esquerda, com 75. No Senado, a maior presença é das forças de centro, com 29 Senadores, seguido da direita, com 22, da centro-direita, com 13, da esquerda, com 11 e da centro-esquerda com 6. Outros levantamentos apontam um crescimento da direita no Congresso da ordem de 30%, alcançando 301 deputados e 41 Senadores a partir de 2019.

“no capitalismo, os ricos ficam cada vez mais ricos,

e os pobres cada vez mais pobres”

Quanto ao perfil sócioeconômico, haverá a predominância de profissionais liberais, com algo em torno de 2/3. O outro 1/3 será distribuído entre assalariados e atividades de natureza diversa.

Em relação às bancadas informais, a correlação de forças será muito desfavorável aos trabalhadores, à área social, aos direitos humanos e ao meio ambiente. A bancada sindical, por exemplo, teve redução de aproximadamente 20 integrantes. Por outro lado, as bancadas conservadoras vêm fortalecidas. Formadas por evangélicos e ruralistas (que perderam alguns integrantes), tiveram seu aumento garantido com novos integrantes das bancadas da bala e da segurança, sendo que a bancada empresarial manteve-se grande.

Do ponto de vista dos trabalhadores, é preocupante a redução da bancada sindical. Ela tem a função de dar sustentação e fazer a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, aposentados e servidores públicos no Congresso Nacional, além de intermediar demandas e mediar conflitos com o governo e/ou empregadores.

Por isso, indagamos: você se lembra em quem votou para Deputado ou Senador? Você votou nele ou nela porque acreditou nas propostas apresentadas. Acreditou que ele(a) irá defender e lutar por seus direitos, por melhores condições de vida, por aumento de emprego ou renda para você, sua família e amigos.

Nos próximos quatro anos, sua obrigação é acompanhar e fiscalizar os trabalhos destes (a) parlamentares. Você tem o direito e o dever de cobrar e exigir que cumpra o que prometeu. Afinal, eles ganharam por caso de seu voto.

Veja se eles irão votar a favor ou contra seus interesses. Veja qual será o voto dele(a) na reforma da Previdência. Se votará para a melhoria da vida dos aposentados, ou para piorar ainda mais.

E nas votações que envolvem dinheiro para creches, escolas, hospitais, etc., qual será a posição de seus Deputados e Senadores?

Mais ainda. E se acaso esse Deputado ou Senador votarem contra seus interesses, ou se envolverem em negociatas e corrupção, você tentará justificá-los? Irá continuar apoiando os atos deles? Acima de tudo, lembre-se em quem você votou e porque votou.

Cabe a você, principalmente por tê-lo ajudado a se eleger, a obrigação e o dever de fiscalizá-lo. Isso é cidadania. Ser cidadão não é apenas na hora do voto, mas principalmente na preservação dos nossos direitos, da liberdade e da cidadania.

Com justa razão, você comemorou porque não perdeu seu voto. Esperamos que durante o mandato, esse Deputado ou Senador, continuem dando motivos de comemoração. Desejo sinceramente que seu voto, não faça você perder seus direitos nem que se transforme em motivo de arrependimento e frustração.

(*) Waldevino Basílio é coordenador geral do SISTA/MS e acadêmico de jornalismo.

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