Após 1 ano em Campo Grande, maior bicheiro deixa presídio federal
Decisão afirma que ele não se enquadra no perfil exigido pelo sistema carcerário da União; detido desde 2024

Um ano depois de ser enviado à penitenciária federal de Campo Grande, o bicheiro Rogério Andrade, de 62 anos, volta ao Rio de Janeiro levando na bagagem uma rotina pouco comum para quem cumpriu RDD (Regime Disciplinar Diferenciado): 480 horas de curso de agropecuária, 340 aulas de espanhol, participação em projeto de remição pela leitura e até um texto inscrito em concurso de redação sobre saúde indígena.
RESUMO
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A Justiça do Rio de Janeiro revogou o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do bicheiro Rogério Andrade, determinando sua transferência da Penitenciária Federal de Campo Grande para o sistema prisional fluminense. A decisão foi assinada pelo desembargador Marcius da Costa Ferreira, que manteve a prisão preventiva do acusado. Andrade, sobrinho do falecido Castor de Andrade, está preso desde outubro de 2024, acusado de ser o mandante do assassinato de Fernando Iggnácio, seu primo por afinidade, ocorrido em 2020 no Recreio dos Bandeirantes. O caso é parte de uma longa disputa familiar pelo controle do jogo do bicho no Rio de Janeiro.
Rogério ingressou na unidade de segurança máxima no dia 12 de novembro do ano passado, duas semanas após ser preso em casa, na Barra da Tijuca, por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio. Ele é acusado de mandar executar o rival Fernando Iggnácio, morto há cinco anos no heliporto do Recreio dos Bandeirantes, em meio à disputa pelo controle das máquinas de caça-níqueis e do jogo do bicho.
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No último sábado, a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio decidiu, por unanimidade, revogar o RDD. O voto do relator, desembargador Marcius da Costa Ferreira, concluiu que o regime excepcional não era compatível com o perfil do preso. Apesar disso, a defesa não conseguiu o relaxamento da prisão preventiva, e o bicheiro permanecerá detido no sistema prisional fluminense enquanto aguarda o fim da audiência de instrução e julgamento, que definirá se ele irá ou não a júri popular.
De acordo com a Comissão Técnica de Classificação da Penitenciária Federal de Campo Grande, Rogério manteve boa conduta durante o período no sistema federal. O Plano de Individuação da Pena registra a conclusão do curso de agropecuária, as aulas de espanhol oferecidas pelo Instituto Universal Brasileiro e a participação no projeto Remição pela Leitura, que reduz pena por obras lidas. Ele também participou de partidas de futebol no pátio e concorreu ao 8º Concurso de Redação da Defensoria Pública da União.
Conforme o site O Globo, mesmo com visitas frequentes da esposa e dos filhos mais novos, Rogério relatou episódios de ansiedade que prejudicam o sono. O prontuário médico registra ainda hipertensão, alteração de colesterol e obstrução da artéria subclávia.
A última aparição pública de Rogério ocorreu em uma audiência no 1º Tribunal do Júri, no Fórum do Rio, em meados deste ano. Ele apareceu visivelmente mais magro e com os cabelos brancos. Entre os depoimentos esperados estava o de Carmen Lúcia, viúva de Fernando Iggnácio, que, segundo a defesa, não compareceu por medo do acusado.
A audiência foi interrompida após os advogados de Rogério pedirem nova perícia no celular de Márcio Araújo, sargento reformado da PM (Polícia Militar) e chefe de sua segurança.
Com a revogação do RDD, o bicheiro deixa a solitária de Campo Grande depois de um ano, mas continua sem previsão de julgamento definitivo. O processo segue no Rio, onde a Justiça decidirá se ele enfrentará o júri popular.
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