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Capital

Traficantes planejavam “ir atrás” de mandante de atentado contra o Gaeco

“Conhecido” do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado, Fabio Sucolotti devia a bandidos

Por Anahi Zurutuza | 17/11/2025 19:53
Traficantes planejavam “ir atrás” de mandante de atentado contra o Gaeco
Carros incendiados no pátio da PGJ (Procuradoria Geral de Justiça) em 2004 (Foto: Direto das ruas/Arquivo)

As trocas de mensagens entre Kleyton de Souza Silva, o “Tom”, principal alvo da Operação Blindagem, e Thiago Gabriel Martins da Silva, de 36 anos, o “Especialista” ou “Thiaguinho PCC”, revelaram plano para “ir atrás” de um “velho conhecido” do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado. Os traficantes, que eram sócios no crime em 2022, quando os diálogos aconteceram, falavam em contratar capangas para cobrar dívida de Fabio Marcelo Sucolotti, condenado como mandante de atentado contra o Gaeco em 2004.

RESUMO

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Traficantes do PCC planejavam extorquir Fabio Marcelo Sucolotti, condenado como mandante de atentado contra o Gaeco em 2004. A informação foi descoberta em conversas entre Kleyton de Souza Silva e Thiago Gabriel Martins da Silva, interceptadas durante investigação da Operação Blindagem.O plano não foi executado porque Sucolotti estava preso no presídio de segurança máxima de Campo Grande. O caso remonta ao episódio em que veículos oficiais foram incendiados na sede da Procuradoria Geral de Justiça, crime pelo qual Sucolotti foi condenado em 2007, após ter sido denunciado por promotores do Ministério Público.

“Alternando o assunto relacionado ao servidor corrupto, com vistas a iniciar o planejamento de mais uma extorsão, em 17/04/2022, Thiago Gabriel disse para Kleyton que eles deveriam acionar seus subordinados ‘Junim’ e ‘Gordim’, para irem atrás de Sucolotti, que lhes devia dinheiro. O planejamento, além de novamente evidenciar a clara divisão de tarefas entre os integrantes da organização criminosa, deixou clara a habitualidade com que praticam extorsões para compelirem seus devedores a quitarem suas dívidas”, diz trecho de relatório do Gaeco enviado à Justiça para angariar os mandados de prisão e buscas para a deflagração da Operação Blindagem, no dia 7 de novembro.

“Nois racha”, diz Thiago, sobre dividir o valor cobrado pelos executores da extorsão, e Tom, preso que operava esquema de tráfico de drogas e armas de dentro da Penitenciária Estadual de Aquidauana, responde afirmativamente: “Dmr”, na gíria que significa “demorou”.

Traficantes planejavam “ir atrás” de mandante de atentado contra o Gaeco
Diálogo entre "Thiaguinho PCC" e "Tom" sobre "ir atrás" de um terceiro conhecido no meio policial sul-mato-grossense (Foto: Reprodução dos autos de processo)

O plano não foi concretizado, ao menos em abril de 2022, já que em janeiro, Sucolotti havia sido preso e ainda estava “protegido” pelas grades e muros do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio estadual de segurança máxima de Campo Grande. Não há mais detalhes nas apurações da Operação Blindagem sobre o teor da dívida.

Quem é? – Apesar de se apresentar como pecuarista e comerciante, Sucolotti tem extensa ficha criminal, com passagens por posse ilegal de armas, desacato e tráfico de drogas, e já esteve preso algumas vezes.

O nome ficou conhecido, porém, por episódio de 21 anos atrás. Era um domingo, dia 4 de janeiro de 2004, quando Campo Grande “acordou” com a notícia de atentado contra o Gaeco. Veículos oficiais foram queimados a mando de Sucolotti, segundo investigação. Ele queria “dar susto” nos promotores que o investigavam e denunciavam por crimes contra a ordem tributária e econômica.

Uma delação premiada entregou o mandante do incêndio e a motivação. O pecuarista sempre negou ligação com o crime. Em depoimento ao Ministério Público, disse que passou aquele domingo em casa e nunca teve intenção de se vingar de membros do MP.

Após denúncia apresentada pelos promotores Ana Lara Camargo de Castro, hoje chefe do Gaeco, Paulo Cezar dos Passos e Silvio Amaral de Lima em julho de 2004 e a longa instrução do processo, Sucolotti foi condenado pelo atentado em 2007. Ele já cumpriu a pena.

A reportagem não conseguiu descobrir o paradeiro atual do alvo de Tom e Thiaguinho, mas, no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão), há uma ordem de recaptura pendente de cumprimento contra Sucolotti, com validade até 2034. O Campo Grande News também não conseguiu posicionamento da defesa dele, mas o espaço segue aberto para futuras manifestações.

A operação – O Gaeco, com apoio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do Batalhão de Choque, foi às ruas no dia 7 de novembro para cumprir 76 mandados de prisão e de busca e apreensão, com o objetivo de desmantelar a organização criminosa armada dedicada ao tráfico de entorpecentes e armas. São investigados ainda crimes de agiotagem (usura) e lavagem de dinheiro.

Os “negócios” comandados por “Tom”, de dentro do sistema prisional, eram mantidos em Mato Grosso do Sul e em pelo menos outros oito estados: São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás.

Ainda conforme as apurações do Gaeco, a quadrilha enviava drogas para cidades do interior do Estado e para outras unidades da federação, utilizando métodos variados: caminhões com fundo falso que transportavam alimentos lícitos para camuflar o transporte de entorpecentes, remessas pelo Sedex via Correios e uso de veículos comuns e vans com passageiros.

O nome da operação faz referência à “blindagem” que os criminosos recebiam graças à corrupção de servidores.

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