Após 15 anos, grupo é atualizado para delimitar área indígena no sul de MS
Nova portaria determina estudos nas áreas Iguatemipeguá II e III, reivindicadas pelos guarani-kaiowá

Portaria da Funai (Fundação Nacional do Índio) atualizou a composição do GT (Grupo de Trabalho) que irá fazer estudos complementares para identificação e delimitação do território reivindicado pelos indígenas guarani, denominadas como Iguatemipeguá II e III, áreas de quatro municípios no sul de Mato Grosso do Sul.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A Fundação Nacional do Índio (Funai) atualizou a composição do Grupo de Trabalho (GT) responsável por estudos sobre a identificação e delimitação do território guarani, abrangendo áreas em quatro municípios de Mato Grosso do Sul. A nova equipe, coordenada pela antropóloga Alexandra Barbosa da Silva, terá 60 dias para apresentar planos de estudo. Os estudos visam identificar terras tradicionalmente ocupadas pelos guarani na bacia Iguatemipeguá, excluindo áreas de outros municípios. A Funai já havia aprovado a identificação da Terra Indígena Iguatemipeguá I em 2013, mas o processo de demarcação ainda não foi concluído, gerando tensões entre indígenas e produtores rurais.
A nova composição atualiza portaria publicada em setembro de 2010, que havia instituído o GT para esta mesma função. A equipe terá 60 dias para entrega de planos de estudos pelo coordenador.
A reportagem questionou a Funai se houve algum andamento do estudo desde 2010 e aguarda retorno.
A portaria publicada hoje no Diário Oficial da União mantém a antropóloga Alexandra Barbosa da Silva como coordenadora do GT, agora com novos integrantes: a geógrafa Amanda Christinne Nascimento Marques e os antropólogos Diego Vartuli Cavanellas, Amanda Gioriatti Lunkes, Maria Elita do Nascimento e Marlon Nilton da Silva Galvão.
A equipe será responsável por realizar “estudos complementares de natureza antropológica, etno-histórica, sociológica, jurídica, cartográfica e ambiental necessários à identificação e delimitação de terras tradicionalmente ocupadas pelos guarani” na região que compreende a bacia Iguatemipeguá, antes chamada de Iguatemipeguá II e III, nos municípios de Amambai, Coronel Sapucaia, Paranhos e Tacuru.
Ainda não há estudo preliminar que identifique o tamanho da área, mas a nova publicação altera termos da portaria publicada em 6 de setembro de 2010, excluindo do estudo áreas dos municípios de Aral Moreira, Iguatemi e Dourados.
O conselheiro Matias Rempel, do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), lembra que houve desmembramento de GTs que fizeram estudo nos municípios excluídos na atual portaria, mas diz que as equipes não conseguiram avançar, ficando na fase incipiente de estudos.
“Isso por série de fatores, pela violência, que alguns membros sofreram dos próprios fazendeiros da região, da negligência política dos governos da época, que sucatearam a Funai. De 2010 pra cá, a gente tem um déficit gigantesco de 15 anos, onde aconteceram verdadeiras atrocidades contra o povo e que deixou o povo submetido a toda essa situação desleal, desumana de vida e sobrevivência”.
Histórico – Em 2013, a Funai havia aprovado as conclusões do trabalho de identificação da Terra Indígena Iguatemipeguá I, que abrange os tekoha (terras tradicionais) Mbarakay e Pyelito Kuê.
A área reivindicada tem 41 mil hectares e é denominada pelos indígenas de Pyelito Kuê. Os guarani-kaiowá moram em uma aldeia próxima, de 90 hectares. Na época, conforme publicação do governo federal, o território era ocupado por 1,8 mil indígenas.
Após a identificação da área, o processo ainda não foi finalizado, sendo motivo de constante tensão entre indígenas e produtores rurais. Em novembro de 2023, os guarani-kaiowá ocuparam parte da área.
Naquele período, equipe de documentaristas, que registrava a situação vivida pelos indígenas, foi até Iguatemi e acabou sendo agredida por homens que seriam seguranças dos produtores da área reivindicada.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.