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Cidades

“Dengue é fichinha”, diz Nelsinho Trad após superar UTI e 18 dias de isolamento

Senador defende o isolamento e diz que no Brasil ainda está por vir "a magnitude" do coronavírus

Ângela Kempfer | 30/03/2020 18:25
Nelsinho hoje durante conversa com senadores, em sessão remota. (Foto: Divulgação)
Nelsinho hoje durante conversa com senadores, em sessão remota. (Foto: Divulgação)


Em 2006, quando era prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad enfrentou a epidemia de dengue na cama. Ficou mal, mas não como em 2020, infectado pelo coronavírus. “Dengue é fichinha! Quem teve covid-19 nunca vai esquecer. Ela te joga na cama com tal força, é uma doença que te causa sensação terrível, inclusive, sobre como vai ser o amanhã”, resume o senador depois de 18 dias em isolamento.

Nesta segunda-feira, Nelsinho participou da sessão remota do Senado. Sem sair de casa em Brasília, recebeu o carinho dos colegas. Na próxima sexta-feira, ele passa pelos exames derradeiros, para ver se o organismo reagiu bem. Depois, quer vir para Campo Grande ver a família.

Mas a cura não trouxe 100% de sossego. “Apesar de ser médico e saber que criei anticorpos, eu morro de medo de pegar isso de novo. Não sabemos também se é uma doença que deixa sequelas”, lembra.

Nelsinho foi um dos primeiros a ter o diagnóstico no Brasil, com teste positivo no dia 13 de abril. Quando voltou de viagem aos Estados Unidos, em comitiva presidencial, começou a sentir que “algo estava errado”. “Começou a doer o corpo, a cabeça...ai veio a febre. Mas não pensava que era o coronavírus”, explica.

Ele ligou para o médico, foi ao consultório, fez o teste e 3 dias depois veio o choque. “Não tem como não se assustar. É uma doença nova, ninguém sabe como vai evoluir. Você fica isolado só esperando o que vai acontecer. Nem remédio tem”, comenta.

Foram mais de duas semanas com os sintomas, 4 dias sem ânimo para levantar da cama e 48 horas na UTI. “Não tinha força nem para abrir o olho”, resume. Um drama potencializado pela distância da família. “Quando o meu resultado deu positivo, minha mulher, minha filha e a pessoa que trabalha com a gente em Brasília fizeram o teste. Todas testaram negativo. Na hora mandei minha esposa voltar para Campo Grande com a minha filha”, relata.

Senador durante o tratamento, em casa. (Foto: Reprodução Instagram)
Senador durante o tratamento, em casa. (Foto: Reprodução Instagram)

Com o avanço da doença pelo mundo, Nelsinho perdeu, inclusive, a companhia da TV e da internet. “Parei de ver o noticiário. Toda hora era notícia ruim: fulano de não sei quantos anos morreu, ator de não sei o que morreu...As pessoas morrem mesmo, tem milhares de óbitos na Itália e agora na Espanha...”

O diagnóstico também deixou os vizinhos em alerta. “No elevador tinha um recado falando que uma das pessoas do prédio, no caso eu, estava com a doença.  Eu tenho consciência do fator discriminatório. Mas eu olhava aquilo e pensava: eu vou vencer. A doença gera medo, eu entendo, mas também teve muito vizinho que ajudou trazendo sopa, pão de queijo, cachorro-quente...Tudo bem que eles deixavam na porta e vazavam”, diz Nelsinho, agora rindo.

A tosse ainda aparece durante a entrevista, mas ele diz que está bem. Na avaliação do senador, que em setembro completa 59 anos, alguns bons hábitos o salvaram. “A minha sorte é que eu nunca fumei na minha vida. Nunca tive diabetes e hipertensão”.

Para Nelsinho, não há dúvidas sobre a gravidade do coronavírus. Sentiu na pele os efeitos e agora é um grande defensor das medidas de distanciamento social. “Não vamos brincar com isso. Sou muito cristão, muito religioso, o que me fortaleceu. Mas não tem jeito, tem de isolar. Por enquanto estamos só no pé da montanha, não chegamos nem na metade, nem tão pouco no pico. Se chegarmos lá, ai todo mundo vai ver a magnitude dessa confusão”, alerta.

Nelsinho participou da votação do auxilio de R$ 600 para trabalhadores informais durante a pandemia. (Foto: Divulgação)
Nelsinho participou da votação do auxilio de R$ 600 para trabalhadores informais durante a pandemia. (Foto: Divulgação)


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