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Cidades

Depois de 2 temporadas em MS e matar colega de prisão, "Geleião" morre de covid

Ele ficou primeiro na "Máxima", onde cometeu assassinato, e depois no presídio federal

Marta Ferreira | 10/05/2021 15:26
Vista de cima da Máxima, presídio onde "Geleião" matou colega de cela em Campo Grande, em 2000. (Foto: Divulgação)
Vista de cima da Máxima, presídio onde "Geleião" matou colega de cela em Campo Grande, em 2000. (Foto: Divulgação)

A covid-19 matou hoje José Márcio Felício, no Centro Hospitalar Penitenciário, de São Paulo (SP). Aos 60 anos, ele vivia há mais de 40 na prisão e passou duas temporadas em Mato Grosso do Sul, uma no sistema prisional estadual e outra na penitenciária federal de segurança máxima. No tempo que ficou no EPJFC (Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho), a “Máxima”, “Geleião” ampliou sua pena em mais 8 anos, por assassinar um detento.

“Geleião” veio para cá nos anos 1990 e na década de 2010, em situações opostas: na primeira, foi transferido junto com lideranças fundadoras do PCC (Primeiro Comando da Capital), como forma de tentar desarticur o movimento, o que acabou surtindo efeito contrário. A facção criou ramificações, tanto que em solo sul-mato-grossense está boa parte dos seguidores do grupo criminoso, dentro e fora das cadeias.

Na segunda vez em que José Márcio Felício ficou em Campo Grande, a hospedagem foi na penitenciária federal de segurança máxima, na saída para Três Lagoas. Entrou em 2016 e saiu em data não precisada, numa operação sigilosa. Ocupava a ala dos detentos que eram colaboradores da Justiça.

De fundador do PCC, José Márcio Felício transformou-se em inimigo, por ter delatado os antigos “irmãos” à Justiça. Tentou até criar sua própria facção, o TCC (Terceiro Comando da Capital).

Morte na prisão – Sua dívida com a Justiça de Mato Grosso do Sul foi por homicídio em cela da "Máxima". No dia 16 de abril de 2000, matou a facadas o preso conhecido como “Beiço”, de 33 anos.

O morto, Antônio Carlos de Lima, disputava com “Geleião” o controle do tráfico na prisão, que é até hoje dominada pelo PCC, com direito a ala específica.

A condenação veio só cinco anos depois, em julgamento realizado em Campo Grande, com aparato de segurança poucas vezes visto. “Geleião”, nessa época, estava em prisão de Oswaldo Cruz, no interior de São Paulo. Foi trazido sob escolta pesada.

Outros dois presos também foram apontados como envolvidos no mesmo crime, mas os processos correram separados.

Foram vários recursos da defesa de José Márcio Felício até o caso ser considerado transitado em julgado, em 2018. Ou seja: como a pena era de 8 anos de reclusão, ele ainda estava cumprindo quando morreu, nesta segunda-feira (10).

José Márcio Felício, o "Geleião", que morreu hoje aos 60 anos, em hospital penitenciário de São Paulo. (Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo)
José Márcio Felício, o "Geleião", que morreu hoje aos 60 anos, em hospital penitenciário de São Paulo. (Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo)

A defesa convenceu o júri de que o detento cometeu “homicídio privilegiado”, e não homicídio doloso. Essa tipificação, em resumo, considera que a pessoa teve um forte motivo para fazer o que fez. A pena, então, é menor.

No final desse júri, ficou registrado à época uma única manifestação de “Geleião”, cujo apelido foi dado em razão de seu tamanho e estrutura corporal.

“Valeu” foi a única palavra dita por ele endereçada aos defensores na época.

Vítima da pandemia - “Geleião” estava internado havia um mês, em razão das complicações da covid-19. Antes disso, cumpria pena em Iaras, município a 169 km de São Paulo (SP). Penitenciária de Iaras, município

Com a morte dele, não há mais ninguém vivo do núcleo original do PCC, surgido na penitenciária de Taubaté, em 1993.

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