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Cidades

Em nove anos, MS fechou 30% dos leitos pediátricos

Pacientes do interior e da iniciativa privada foram os mais impactados

Tainá Jara | 29/07/2019 19:11
A maior parte dos leitos fechados estava no interior do Estado (Foto: Arquivo)
A maior parte dos leitos fechados estava no interior do Estado (Foto: Arquivo)

Os hospitais de Mato Grosso do Sul fecharam 30% dos leitos pediátricos em nove anos. De acordo com o levantamento da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), em 2010, o Estado contava com 926 leitos para tratamento de crianças. O número caiu para 649, em 2019. Portanto, uma diferença de 277.

Apesar de contar com menos vagas pediátricas, as unidades privadas fecharam quase o mesmo número de leitos que o SUS (Sistema Único de Saúde). A rede pública contava em 2010 com 652 leitos e passou para 498 neste ano. Uma queda de 23,6%. Nos hospitais particulares, as vagas pediátricas caíram de 274 para 151. Logo, 45% de vagas fechadas.

Campo Grande perdeu mais da metade dos leitos pediátrico neste período. Em 2010, em 264 e passaram para 126 neste ano. A iniciativa privada foi a que mais fechou vagas caindo de 102 para 29. No SUS, as vagas reduziram de 162 para 97.

Nacional - A pesquisa foi feita em alusão ao Dia do Pediatra, comemorado em 27 de julho, e se refere a disponibilidade de recursos físicos dos serviços de assistência à criança e ao adolescente no País. O levantamento revelou que, nos últimos nove anos, o Brasil desativou 15,9 mil leitos de internação pediátrica, aqueles destinados a crianças que precisam permanecer no hospital por mais de 24 horas.

De acordo com os dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde), mantidos pelo Ministério da Saúde, em maio de 2010 o País dispunha de 48,8 mil leitos no SUS. Em 2019, o número baixou para cerca de 35 mil – uma queda aproximada de quatro leitos por dia.

Quem conta com um plano de saúde ou procura atendimento em unidades privadas também viu cair em 2.130 o número de leitos no mesmo período. Ao todo, 19 estados perderam leitos pediátricos na rede “não SUS”. São Paulo desponta com a pior queda: ao todo foram 762 unidades encerradas, seguido do Rio Grande do Sul (-251) e Maranhão (-217).

Sucateamento - Segundo a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, as informações coincidem com o panorama de limitações e precária infraestrutura que se apresenta àqueles que diariamente atuam nos serviços de assistência pediátrica. “A queda na qualidade do atendimento tem relação direta com recursos materiais insuficientes. Essa progressiva redução no número de leitos implica obviamente em mais riscos para os pacientes, assim como demonstra o sucateamento que se alastra pela maioria dos serviços de saúde do País”, afirma.

De acordo com ela, entre os agravos que mais têm levado as crianças a precisar de internação estão as doenças respiratórias, com prevalência acentuada nos períodos de outono e inverno, como bronquiolites, crises de asma e pneumonias. Os problemas gastrointestinais, casos de alergias e as chamadas arboviroses, também de ocorrência sazonal, completam a lista que contribuem para o crescimento dessa demanda.

Regiões e Capitais - No SUS, os estados das regiões Nordeste e Sudeste foram os que mais sofreram com a redução de leitos de internação: 5.314 e 4.279 leitos a menos, respectivamente. Em escala, surgem as regiões Sul (-2.442 leitos), Centro-Oeste (-1136) e Norte (-643).

São Paulo foi o estado que mais perdeu leitos de internação infantil entre 2010 e 2019. Neste intervalo de tempo, 1.583 leitos pediátricos foram desativados. Na outra ponta, apenas dois estados apresentaram números positivos no cálculo final de leitos SUS ativados e desativados nos últimos nove anos: Amapá, que saltou dos 182 leitos pediátricos existentes em 2010 para 237 no fim do ano passado; e Rondônia, foi de 508 para 517.

Entre as capitais, São Paulo lidera o ranking dos que mais perderam leitos na rede pública (-422), seguidos pelos fortalezenses (-401) e maceioenses (-328). Três capitais, apenas, conseguiram elevar a taxa de leitos, o que sugere que o grande impacto de queda tenha recaído sobre as demais cidades metropolitanas ou interioranas dos estados.

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