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Cidades

Falsificação e contrabando são desafios maiores que metanol em MS, diz delegado

Um mês dos primeiros casos no Brasil, Decon apreende mais de mil garrafas de bebidas

Por Bruna Marques | 09/11/2025 08:25
Falsificação e contrabando são desafios maiores que metanol em MS, diz delegado
Garrafas de bebidas artesanais apreendidas em comércio de Campo Grande (Foto: Arquivo / Campo Grande News)

A crise do metanol completa um mês no Brasil e segue mobilizando autoridades sanitárias e policiais. Desde os primeiros casos em São Paulo, Mato Grosso do Sul mantém fiscalizações intensas. Segundo a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), já foram apreendidas 1.043 garrafas de bebidas, entre uísque, cachaça, vodca, vinho e licor. O delegado afirma que, mais do que o metanol, o principal problema nos bares e comércios do Estado é o contrabando e a falsificação de bebidas.

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A crise do metanol completa um mês no Brasil com 60 casos confirmados de intoxicação e 15 mortes. Em Mato Grosso do Sul, autoridades intensificaram as fiscalizações após os primeiros casos em São Paulo, resultando na apreensão de 1.043 garrafas de bebidas em 15 estabelecimentos. Segundo a Decon, embora nenhuma bebida com metanol tenha sido encontrada no estado, as operações revelaram problemas com falsificação e contrabando. O delegado Wilton Vilas Boas alerta que o principal indício de bebida irregular é o preço abaixo do mercado e recomenda consumo apenas em estabelecimentos licenciados.

As bebidas foram apreendidas durante fiscalizações em 15 locais, entre bares, conveniências, restaurantes e boates. As ações se intensificaram ainda mais após a morte do jovem Matheus Santana Falcão, de 21 anos, em 2 de outubro, e o fechamento de uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas em Terenos, a 31 quilômetros de Campo Grande, nesta quinta-feira (6).

As operações resultaram ainda em três prisões em flagrante e sete pessoas conduzidas para prestar esclarecimentos e posteriormente liberadas.

Falsificação e contrabando são desafios maiores que metanol em MS, diz delegado
Wilton Vilas Boas, delegado titular da Decon, durante entrevista ao Campo Grande News (Foto: Osmar Veiga)

Durante uma das fiscalizações, os policiais encontraram 1.600 garrafas vazias de whisky, o que levantou suspeita de adulteração de bebidas. O caso segue sob investigação. Até agora, nenhum teste laboratorial confirmou a presença de metanol em bebidas vendidas no Estado.

O delegado titular da Decon, Wilton Vilas Boas, afirmou que as operações, que já faziam parte da rotina do órgão, ganharam força após o alerta nacional e os primeiros casos de intoxicação registrados em São Paulo.

“As fiscalizações em supermercados, conveniências e outros estabelecimentos que manipulam alimentos ou vendem bebidas são constantes. Depois dos casos registrados em São Paulo, intensificamos as operações aqui também. Várias ações têm sido realizadas desde então”, afirmou.

Apesar do reforço nas operações, Vilas Boas garantiu que nenhuma bebida com metanol foi encontrada em Mato Grosso do Sul. Segundo ele, o problema mais comum nas fiscalizações é outro: a falsificação e o contrabando.

“O que encontramos com mais frequência é falsificação, principalmente o envasamento de bebidas de qualidade inferior em garrafas de marcas conhecidas. A embalagem engana o consumidor, mas o líquido, embora sem metanol, não corresponde à marca rotulada”, explicou.

O delegado destacou ainda que muitas bebidas apreendidas são originais, mas entram no país de forma ilegal, vindas do Paraguai, o que configura contrabando ou descaminho.

Falsificação e contrabando são desafios maiores que metanol em MS, diz delegado
Equipes da Vigilância Sanitária e do Procon analisam bebidas apreendidas em caixas em local que ocorreu festa (Foto: Divulgação / PCMS)

Desde o início do ano, a Decon vem mantendo um ritmo constante de fiscalizações em todo o Estado. Entre janeiro e outubro de 2025, foram realizadas 33 operações, que resultaram na vistoria de 47 estabelecimentos comerciais. Desse total, 12 foram interditados por apresentarem irregularidades diversas, entre eles açougues, padarias, conveniências, clínicas de estética e odontológicas, farmácias, academias, bares, casas noturnas, supermercados, clínicas de internação e até instituições financeiras.

No mesmo período, a Decon registrou 165 boletins de ocorrência e 22 autos de prisão em flagrante, com 25 pessoas presas. Atualmente, o órgão conduz 129 investigações em andamento e analisa 16 denúncias formais recebidas nos últimos meses.

Atenção redobrada - O delegado alerta que é difícil, até mesmo para especialistas, identificar uma bebida falsificada apenas pelo visual.

“Nossos policiais são treinados para observar o rótulo e o selo da tampa. Mas o principal indício é o preço: se estiver muito abaixo do valor de mercado, desconfie. É o primeiro alerta de que o produto pode não ser original”, explicou Vilas Boas.

Ele também reforçou os cuidados ao consumir bebidas em festas e eventos.

“Essas festas eventuais são mais problemáticas porque muitas acontecem sem documentação. Todo evento que vende ingresso precisa de alvará da Deops (Delegacia de Ordem Política e Social). Se não tiver esse alvará, é uma festa ilegal, e não há como garantir a origem das bebidas”, alertou.

Segundo o delegado, bares e restaurantes licenciados são mais seguros, pois precisam de alvará da prefeitura e licença da Vigilância Sanitária para funcionar.

“A primeira orientação é não exagerar no consumo. E, se for beber, escolha locais de confiança. Saber de onde vem a bebida é essencial”, concluiu.

Falsificação e contrabando são desafios maiores que metanol em MS, diz delegado
Equipes de fiscalização e policiais em depósito de bebidas, em comércio de Campo Grande (Foto: Divulgação/ PCMS)

Crise nacional - De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 5 de novembro de 2025, o país contabiliza 60 casos confirmados de intoxicação por metanol e 15 mortes. Outros 47 casos seguem em investigação e mais de 700 foram descartados.

A maioria dos registros está em São Paulo, com 44 casos e 9 óbitos, seguido por Paraná e Pernambuco, com três mortes cada. Ainda há oito mortes em investigação, sendo uma em Mato Grosso do Sul.

Os sintomas de intoxicação por metanol incluem náuseas, dor abdominal e confusão mental, e o ministério reforça a orientação: evite bebidas de origem duvidosa e procure atendimento médico imediato em caso de sintomas.

Mesmo sem registros de intoxicação, Mato Grosso do Sul segue em alerta. A força-tarefa coordenada pela Decon promete manter as operações ativas até que o mercado de bebidas volte a um patamar seguro.

“Não há metanol em Mato Grosso do Sul, e queremos que continue assim”, reforçou o delegado Wilton Vilas Boas.

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