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Cidades

Família paterna entrega crianças e mãe volta ao RJ com as filhas

A mãe de 35 anos veio para Campo Grande no dia 26 de fevereiro, depois de saber que as filhas estavam em MS

Paula Maciulevicius Brasil | 06/03/2021 12:02
Mãe e as duas meninas no voo de retorno ao Rio de Janeiro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mãe e as duas meninas no voo de retorno ao Rio de Janeiro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem vê o sorriso das três, mãe e filhas no avião decolando de volta para casa não sabe a angústia das últimas semanas. Nessa sexta-feira (5), a família paterna entregou as meninas de 7 e 10 anos para a mãe que mora no Rio de Janeiro e veio a Mato Grosso do Sul buscar as crianças depois que o pai ultrapassou a data estabelecida no acordo de guarda compartilhada.

A história ainda tinha o agravante do pai, um advogado de 44 anos e de sobrenome de família tradicional no Estado, ter sido internado com covid-19 no Hospital Regional em estado grave. O homem que chegou a ser intubado e ficar na UTI teve alta no último dia 4 de março.

Os nomes dos envolvidos não serão divulgados para preservar a identidade das crianças.

A mãe, terapeuta holística de 35 anos, veio para Campo Grande no dia 26 de fevereiro, depois de saber que as filhas estavam aqui, com a avó e a tia, e da internação do ex-marido. Antes de ser internado, o advogado chegou a pré-matricular as crianças em uma escola da Capital.

Já em Campo Grande, a terapeuta tentou contato com todos os telefones e endereços ligados ao ex-marido para encontrar as crianças e registrou boletim de ocorrência por subtração de incapazes e também descumprimento de determinação da autoridade judiciária. Com um mandado de busca e apreensão em mãos, expedido tanto pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro quanto de Mato Grosso do Sul, segundo a mãe informou, três oficiais foram a quatro endereços diferentes para recuperar as crianças. Todas sem sucesso.

Terapeuta holística, mãe veio a Campo Grande procurar as famílias e chegou a registrar boletim de ocorrência em delegacia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Terapeuta holística, mãe veio a Campo Grande procurar as famílias e chegou a registrar boletim de ocorrência em delegacia. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com medo de ameaças que foram dirigidas à advogada da terapeuta aqui no Estado, a mãe voltou ao Rio de Janeiro na manhã dessa sexta-feira (6), em um voo que partiu na madrugada e fez escala em São Paulo. Ao chegar em casa, a mulher recebeu a ligação de uma amiga que mora em Campo Grande dizendo que os advogados da família paterna entraram em contato para entregar as crianças às 16h.

"Nunca imaginaram que eu ia comprar a passagem e voltar com a mesma roupa", conta a mãe. Ainda conforme a terapeuta, a família paterna se viu "cercada". "Eles perderam todos os agravos e a juíza daqui reiterou o mandado de busca e apreensão inclusive se as meninas estivessem com covid e na quarentena", completa.

A terapeuta pegou o voo das 13h50, fez escala em São Paulo e chegou de volta a Campo Grande às 18h, quando foi informada que como a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), local onde eles se encontrariam, havia encerrado o expediente, as meninas ficaram com a família do pai que garantiu entregá-las assim que a mãe chegasse em Campo Grande.

Acompanhada da advogada que tinha na Capital, a mãe foi até o escritório do advogado da família do pai, localizado na Avenida Mato Grosso. "Chegando lá, estava um breu, perguntei pelas crianças e fiquei com medo", diz. A mãe relata que ligou para uma amiga e disse que só entraria no escritório acompanhada dela e se visse as crianças antes.

"Vi as meninas, e as botei no carro e fomos para o aeroporto 8h da noite", descreve. Do andar onde funciona o escritório do advogado, a mãe diz que a tia e a avó da menina estavam filmando tudo.

"Elas chegaram de braços cruzados e entraram no carro, mas quando a gente cria nossos filhos com consciência, já comecei a conversar e expliquei o que havia acontecido. Elas estavam com medo de nunca mais ver o pai e eu prometi que elas o veriam sim e que tudo o que eu estava fazendo era para diminuir os problemas que eles haviam causado", fala.

Foto das três no aeroporto, registro feito pela mãe. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto das três no aeroporto, registro feito pela mãe. (Foto: Arquivo Pessoal)

O voo que as três tomaram foi o mesmo que 24h antes a mãe tinha ido sozinha. O avião saiu do aeroporto de Campo Grande por volta das 3h da manhã deste sábado, fez escala em São Paulo e elas chegaram em casa, no Rio de Janeiro, às 10h20.

"Estou muito feliz por todo apoio e principalmente por ter descoberto que eu não sabia que era tão forte. Existe Justiça sim, e a justiça de Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro estão de parabéns, porque fizeram um trabalho incansavelmente maravilhoso e tudo baseado na lei", disse

A terapeuta diz ainda que vai entrar com ação pedindo reversão de guarda pelo descumprimento do acordo feito com o pai e restrição para que as visitas sejam supervisionadas e não incluam pernoite.

O Campo Grande News tentou contato com o pai que respondeu que se recuperando e que havia um acordo judicial para entregar as crianças dia 22 de fevereiro e que se não estivesse em estado gravíssimo, tinha retornado dia 20 conforme as passagens áreas que tinham.

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