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Cidades

Governador pede "consciência" contra vírus e critica "rodinha de tereré"

Segundo ele, situação do coronavírus é monitorada e medidas mais drásticas podem vir

Marta Ferreira | 23/04/2020 14:50
Governador pede "consciência" contra vírus e critica "rodinha de tereré"
O governador Reinaldo Azambuja, durante anuncio de medidas relativas ao combate à pandemia. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Mato Grosso do Sul tem um patamar para adoção de medidas mais drásticas quanto a circulação de pessoas, em caso de piora do quadro estadual em relação à pandemia de novo coronavírus. Para não chegar a esse lugar, é preciso investimento, mas também muita “consciência” da população, afirma o governador Reinaldo Azambuja, em conversa com o Campo Grande News sobre os rumos da emergência mundial em saúde. A doença já matou 7 pessoas.

Na entrevista, ele critica quem desrespeita à toa as regras de distanciamento social, como por exemplo fazendo “rodinha de tereré” na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. De acordo com ele, o limite para adoção de medidas mais drásticas seria quando a lotação de leitos destinados ao tratamento da doença atinja 70%. O mapa recente informado é de que existem 1,4 mil leitos destinados a doentes da covid-19.

A ocupação citada pelo governador equivaleria a 980 pessoas internadas pela doença.  

Em uma situação assim, o governador cogita providências como o lockdowm, termo em língua inglesa corrente na atualidade, que nada mais é do que a proibição total de circulação, com manutenção apenas dos deslocamentos de serviços essenciais, entre eles policía e atendimento de saúde.

Na entrevista a seguir, Reinaldo também fala da possibilidade de determinar uso de máscaras nas ruas, da decisão sobre manter ou não as aulas suspensas e repete o que as autoridades tem falado incansavelmente, para a população ter consciência e ficar em casa.

Governador pede "consciência" contra vírus e critica "rodinha de tereré"
Roda de tereré em praça pública: para o governador Reinaldo, não é a hora. (Foto: Paulo Francis)

 Campo Grande News: O governo adotaria a recomendação para uso de máscara nas ruas?

Reinaldo Azambuja: “Estamos analisando, não é descartado. Se  a gente percebem que as pessoas estão saindo muito,  e não se precavendo, não é descartado. Não tomamos a decisão ainda porque é um ato de obrigação das pessoas. Isso teria que vir das consciência das pessoas que estão protegendo a si próprio e protegendo aos outros. Oitenta por cento das contaminações são assintomáticas, a pessoa não sabe que está e transmitindo pra um monte de gente.  Saiu um relatório ontem, que diz que há apenas 1,5% de chance de pegar, se usar máscara tanto a pessoa contaminada quando a que não está” .

Campo Grande News - Qual a avaliação do senhor no momento sobre o desrespeito às orientações de distanciamento social?

Reinaldo Azambuja“É preocupante, porque quando afrouxa isolamento significa mais pessoas tendo contato.  Com mais pessoas circulando tendo contato mais pessoas infectadas. qual o grande problema? O sistema não aguenta um grande número de pessoas infectadas. São 20% que precisam de internação, os outros 80% não costumam. Mas esses 20% o sistema entra em colapso, é o que acontece no Rio de janeiro, São Paulo, Manaus. O sistema tá saturado. Se tivermos precaução a gente evita a saturação do sistema, e teremos pessoas contaminadas mas num período mais longo.

Campo Grande News: O lockdown (bloqueio total de circulação nas ruas) é uma opção?

Reinaldo Azambuja: “É uma medida extrema né, mas não é descartada. Se tiver um afrouxamento e as pessoas começarem a ir para a rua sem necessidade. Ontem vi na Afonso Pena duas rodinhas tomando tereré. É extremamente preocupante. As pessoas podem se precaver. Nunca é bom tomar medidas extremas, pois isso interfere no direitos de ir e vir. Mas se for necessário for para preservar vidas,  vamos fazer. Tomara que não, mas se precisar a gente fará. nós não podemos entrar em colapso.

Campo Grande News: Quando chegar em 70% de ocupação de leitos de UTI?

Reinaldo Azambuja - “É um número de alerta de leitos ocupados. Por exemplo, montamos um hospital auxiliar, na tenda, com 130 leitos, no Hospital Regional. Quando faremos ocupação ali? Quando o regional atingir 70%.”

Campo Grande News: Estamos longe desse limite para ativar o lockdowm?

Reinaldo Azambuja: “Ainda tem uma folga. Quando tiver 70% dos leitos ocupados teremos de tomar medidas extremas. Hoje está bem baixo né. Ampliamos, quase chegando a 40% leitos a mais de UTIS disponibilizados em várias regiões do Estado”

Campo Grande News: Saíram dados nacionais apontando MS em condição ruim, com ocupação de 90% dos leitos de UTI...

Reinaldo Azambuja: “Estão defasados, porque nós entramos muito em novos leitos, contratualizou. Estão sendo reestruturados. A gente tem hoje uma situação ainda sobre controle.

Campo Grande News: O governo decidiu sobre as férias das escolas, vão ser antecipadas?

Reinaldo Azambuja: “Estamos fazendo um estudo, não é férias, é o recesso de julho. Há a  possibilidade de as vezes antecipar. Vamos decidir isso até quarta-feira da semana que vem, teremos decisão técnica disso. Estamos com aulas virtuais, a parceria que fizemos com o Google que disponibiliza plataforma com a rede estadual. Existem várias plataformas disponíveis para aulas à distância, mas se necessário for antecipar o recesso para em julho voltar a normalidade é uma das opções. Não vamos perder ano, vamos fazer de tudo para manter o calendário escolar com as ferramentas digitais que temos hoje”.

Campo Grande News - O secretário Geraldo Rezende chegou a dizer, nesta semana, que quem defende a flexibização deveria abrir mão de internação em UTI.  Qual é a sua avaliação  a respeito?

Reinaldo Azambuja“Eu acho assim, no momento de pandemia, nós temos que ter equilíbrio. E entendo que as pessoas têm um grau de responsabilidade. Todos, os governantes e todos os cidadãos e cidadãs. Se tem gente aí pregando que não deva ter cuidado, não deva usar máscara porque “é uma gripezinha”e nós sabemos que não é uma gripezinha. É letal, principalmente para as pessoas do grupo de risco. Eu acho que foi um desabafo do secretário. Você anda na cidade, com rodinha de tereré. Você  está falando de vida, e se for parente dessa pessoa? E se o parente tiver precisando? Sem nenhum excesso? Precisamos de consciência de todo mundo. Se todo mundo olhar no prejuízo que está dando, trabalhador, dona de casas pequeno, médio e grande empresário. O governo também. Todo mundo tendo uma cota de prejuízo. Se tiver uma consciência de todos passaremos com menos trauma.”

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Ciclistas sem proteção no Parque dos Poderes, em Campo Grande. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)


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