Homens lideram em emprego e renda em MS, mas mulheres ganham na escolaridade
Nível de ocupação dos homens no Estado foi de 62,9%, contra 48,9% das mulheres
As desigualdades entre gênero e raça continuam evidentes no mercado de trabalho de Mato Grosso do Sul, segundo o levantamento “Censo 2022: Trabalho e Rendimento”, divulgado nesta quarta-feira (9) pelo IBGE. O estudo mostra que os homens seguem com maior taxa de ocupação e rendimentos mais altos, enquanto as mulheres têm níveis de escolaridade superiores, mas enfrentam barreiras para alcançar as mesmas oportunidades e remunerações.
RESUMO
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Em Mato Grosso do Sul, as desigualdades de gênero e raça permanecem evidentes no mercado de trabalho, conforme dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE. Os homens apresentam taxa de ocupação de 62,9% e rendimento médio de R$ 3.248, enquanto as mulheres registram 48,9% de ocupação e renda média de R$ 2.498. Apesar de possuírem maior nível de escolaridade, com 29,6% das trabalhadoras tendo ensino superior completo contra 16,7% dos homens, as mulheres enfrentam barreiras para alcançar remunerações equivalentes. O estudo também revela disparidades raciais, com pessoas autodeclaradas amarelas e brancas apresentando rendimentos superiores à média estadual, enquanto indígenas registram a menor renda média.
Em 2022, o nível de ocupação dos homens no Estado foi de 62,9%, contra 48,9% das mulheres. Isso significa que, entre pessoas com 14 anos ou mais de idade, quase dois terços dos homens estavam empregados, enquanto menos da metade das mulheres participavam do mercado de trabalho. A diferença de 14 pontos percentuais confirma que o desequilíbrio de gênero segue estrutural, mesmo em um cenário de avanço da escolarização feminina.
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Ocupação cresce até os 39 anos e cai após os 50 - Os dados do IBGE revelam também que o nível de ocupação em Mato Grosso do Sul aumenta conforme a idade até atingir o pico no grupo etário de 35 a 39 anos, com 76,9% da população economicamente ativa trabalhando. A partir dessa faixa, o índice começa a cair gradualmente, chegando a 18,6% entre pessoas com 65 anos ou mais, o 3º maior percentual entre os Estados brasileiros nessa faixa etária.
Em todas as idades, o nível de ocupação dos homens supera o das mulheres. Na faixa de 30 a 34 anos, por exemplo, 86,3% dos homens estavam empregados, contra 65,6% das mulheres. A diferença se repete entre 45 e 49 anos (84,9% contra 62,9%) e se torna ainda mais acentuada entre os mais velhos: entre pessoas com 65 anos ou mais, apenas 11,3% das mulheres permaneciam em atividade, ante 27,1% dos homens.
Entre os adolescentes de 14 a 17 anos, faixa em que o trabalho é permitido apenas na condição de aprendiz, o nível de ocupação é reduzido: 18% para meninos e 11,7% para meninas.
Mulheres têm mais estudo, mas ocupam menos espaços - Mesmo com menor participação no mercado, as mulheres demonstram nível de instrução mais elevado. O Censo aponta que 29,6% das trabalhadoras têm ensino superior completo, enquanto apenas 16,7% dos homens atingem esse nível.
A diferença é inversa nas faixas de menor escolaridade: metade dos homens ocupados (50%) não completou o ensino médio, contra 34% das mulheres. Entre os que não possuem ensino fundamental completo, os homens também são maioria.
Apesar de mais qualificadas, as mulheres continuam enfrentando obstáculos para converter essa formação em ganhos proporcionais. Em 2022, o rendimento médio mensal dos homens foi de R$ 3.248, enquanto o das mulheres ficou em R$ 2.498, diferença de 24,1%. Essa disparidade se manteve em todos os níveis de escolaridade.
No grupo de ensino superior completo, a desigualdade é ainda mais evidente: os homens receberam, em média, R$ 6.822,93, e as mulheres R$ 4.372,68, uma diferença de R$ 2.450 mensais.
Participação feminina cresce em ocupações técnicas e de serviços - Embora representem 42,7% da população ocupada total, as mulheres predominam em setores que exigem formação técnica, administrativa e intelectual. Segundo o IBGE, elas são maioria em três grandes grupos de ocupação:
- Profissionais das ciências e intelectuais – 61,5%;
- Trabalhadoras de apoio administrativo – 63,7%;
- Trabalhadoras dos serviços, comércio e mercados – 64,5%.
Essas áreas refletem o avanço da presença feminina em cargos de maior qualificação, mas também revelam a concentração em funções com remunerações menores, típicas dos setores de serviços e atendimento.
Em contraste, a participação das mulheres é muito baixa em atividades consideradas tradicionalmente masculinas: apenas 5,8% entre operadoras de máquinas e montadoras, e 6,2% nas forças armadas, polícias e bombeiros. Esses grupos, além de mais restritos à entrada feminina, são também os que apresentam rendimentos médios mais altos.
Raça e renda: brancos e amarelos no topo, indígenas na base
O Censo 2022 também evidencia desigualdades de renda entre os grupos raciais. Em Mato Grosso do Sul, pessoas que se autodeclararam amarelas tiveram o maior rendimento médio mensal, de R$ 5.393,79, seguidas pelos brancos, com R$ 3.640,84, ambos acima da média estadual de R$ 2.929,74.
Já os pardos (R$ 2.402,36) e pretos (R$ 2.401,75) apresentaram médias semelhantes e abaixo do total do Estado. A situação mais vulnerável é a da população indígena, com rendimento médio de apenas R$ 1.463,95, o menor entre todos os grupos raciais.
Mesmo entre os trabalhadores com ensino superior, as diferenças permanecem amplas. Pessoas amarelas com diploma superior receberam, em média, R$ 7.372,13, enquanto brancos obtiveram R$ 6.079,39. Em contraste, indígenas com nível superior completo ganharam R$ 2.938,70, menos da metade do rendimento dos brancos com a mesma formação.
O recorte por cor ou raça também mostra que o nível de ocupação mais elevado é o da população preta (62,8%), seguida pela branca (59,2%) e parda (58,9%). No extremo oposto, o grupo indígena tem o menor índice, com 38,5% das pessoas em idade ativa trabalhando.