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Cidades

Investigação liga traficantes ao Hezbollah na fronteira com Paraguai

Ligação teria sido identificada a partir da prisão de Elton Rumich, o Galã, apontado como mentor da execução de Jorge Rafaat

Silvia Frias | 24/07/2019 12:42
Galã era considerado o novo chefe do crime da fronteira, assumindo função após execução de Raffat (Foto/Divulgação)
Galã era considerado o novo chefe do crime da fronteira, assumindo função após execução de Raffat (Foto/Divulgação)

A Polícia Federal do Rio de Janeiro apura se Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã” usava empresas que mantinha com nomes falsos para lavar dinheiro de terroristas ligados ao grupo paramilitar islâmico Hezbollah que atuam entre Brasil, Paraguai e Argentina. Até agora, a lavagem só havia sido ligada ao tráfico de drogas, mas desde o fim do ano passado o governo federal já falava em ação dos Hezbollah na fronteira.

Preso desde fevereiro do ano passado no Rio de Janeiro, Elton Rumich é um dos principais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Brasil.

Reportagem do jornal carioca O Dia cita que o esquema de “Galã” é o mesmo usado para atender ao tráfico de drogas, com empresas de fachada em Pedro Juan Caballero.

Na parceria, os terroristas teriam lucrado com venda de cocaína e, com ajuda do traficante, tornam o dinheiro ilegal, usado para financiar o grupo. Em troca, facilitariam a compra de armas a traficantes. O acordo também conta com proteção de membros do Hezbollah em cadeias brasileiras por integrantes dessas facções.

As empresas paraguaias RSS Internacional e Notles S.A são citadas pelo jornal como sendo de propriedade do traficante e citadas em processos em tramitação na 2ª Vara da Justiça Federal de Ponta Porã.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel comentou ontem a conexão do tráfico com terrorismo. “Ainda quando eu era juiz federal, algumas investigações da Polícia Federal já mostravam algum tipo de relacionamento do crime organizado aqui do estado com o terrorismo. A Polícia Civil, através da prisão de um terrorista (Galã), conseguiu identificar esse elo. O comércio de drogas e de armas financia o terrorismo. Agora, nós vamos nos preparar para termos defesa suficiente contra o terrorismo, que está hoje nas comunidades. Vamos levar isso para a ONU, para os organismos internacionais”, disse.

Considerado novo chefe do crime organizado na fronteira até ser preso em um estúdio de tatuagem no badalado bairro de Ipanema, Galã é apontado pela polícia paraguaia como o mentor do plano para executar Jorge Rafaat Toumani, morto a tiros de metralhadora calibre 50, em junho de 2016.

Em março de 2018, “Galã” teve a prisão decretada pela Justiça Federal de Ponta Porã. Em 11 de agosto de 2017, equipe da PF de Ponta Porã cumpriu mandado de busca e apreensão em uma residência e encontrou um “bunker” da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), com armas, munições e maconha.

Quatro homens foram presos, incluindo um sócio do traficante em empresa no Paraguai. A suspeita é de que ela era usada para lavar dinheiro do tráfico, conforme informações repassadas pela polícia paraguaia. Conversas em celulares indicam que o narcotraficante era o líder da organização. Foram apreendidos documentos e uma caminhonete Dodge Ram blindada em nome da empresa.

Segundo a Polícia Federal, a decretação da prisão e o cumprimento do mandado ratificam a periculosidade dele, determinando que permaneça atrás das grades e não dificulte as investigações.

Em junho, a Veja divulgou que setores de inteligência policial teriam detectado atividades do  Hezbollah na região de Ponta Porã –a 329 km de Campo Grande–, cuja ação na área de Tríplice Fronteira é alvo de suspeita há anos.

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