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Cidades

Mais de 80% das mulheres presas em Campo Grande no último ano são mães

Levantamento da Defensoria revela impactos da prisão na vida familiar e social

Por Kamila Alcântara | 05/05/2025 17:54
Mais de 80% das mulheres presas em Campo Grande no último ano são mães
Mulher em situação de cárcere com seu bebê (Foto: Arquivo Defensoria Pública)

De março do ano passado até o mesmo mês deste ano, 81% das mulheres presas em Campo Grande disseram ser mães. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Núcleo Criminal da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e reforça as consequências sociais do encarceramento feminino.

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Mais de 80% das mulheres presas em Campo Grande no último ano são mães, segundo dados do Núcleo Criminal da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul. Entre as 313 mulheres atendidas, 254 afirmaram ter filhos, evidenciando o impacto social do encarceramento. A maioria das detidas é jovem, com 61% entre 18 e 34 anos, e 70% não possuem vínculos formais de trabalho. O tráfico de drogas é a principal causa das prisões, representando 41% dos casos. O defensor público Daniel Calemes destaca a necessidade de considerar as consequências familiares e sociais da prisão dessas mulheres.

Das 313 mulheres atendidas pela Defensoria durante audiências de custódia, 254 afirmaram ter filhos. Segundo o coordenador do núcleo, defensor público Daniel Calemes, o número acendeu o alerta para o rompimento de vínculos familiares e o impacto direto sobre crianças e adolescentes.

"O dado chamou a atenção da instituição principalmente pelos efeitos sociais provocados pela prisão de mães", destacou o defensor.

O levantamento também traçou o perfil etário das mulheres presas:

  • 30% tinham entre 18 e 24 anos;

  • 31% estavam na faixa de 25 a 34 anos;

  • 25% entre 35 e 44 anos;

  • 14% tinham mais de 45 anos.

Sobre a cor ou raça autodeclarada, 53% disseram ser pardas, 15% pretas e 30% brancas. Mulheres indígenas e amarelas somaram 2%. Com isso, 68% se identificaram como negras, refletindo o impacto do racismo estrutural dentro do sistema penal, segundo a Defensoria.

A situação econômica também chama atenção:

  • 44% estavam desempregadas no momento da prisão;

  • 26% trabalhavam de forma informal;

  • 18% tinham emprego com carteira assinada;

  • 8% atuavam como autônomas.

Ou seja, 70% não tinham vínculos formais de trabalho, o que evidencia a vulnerabilidade econômica dessas mulheres.

Entre os motivos das prisões, o tráfico de drogas lidera com 41% dos casos, seguido de crimes patrimoniais, como furtos e roubos, que somam 33%. Outros crimes, como porte ilegal de arma e crimes contra a administração pública, representam 10%.

Para o defensor Daniel Calemes, os números mostram a necessidade de olhar além do processo criminal. "O dado mais preocupante é essa porcentagem altíssima de mulheres que são mães e que, ao serem privadas da liberdade, deixam filhos muitas vezes desamparados. Isso tem efeitos sociais duradouros", finaliza.

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