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Cidades

Na caçada contra a murta, é cada vez mais difícil ter até pé de laranja em casa

Comércio de mudas e cultivo doméstico exigem cuidados para evitar o avanço do greening

Por Inara Silva | 16/09/2025 09:18
Na caçada contra a murta, é cada vez mais difícil ter até pé de laranja em casa
Planta ornamental, murta é facilmente encontrada na Capital. (Foto: Osmar Veiga)

Ter um pé de laranja no quintal pode parecer inofensivo, mas representa risco para a citricultura de Mato Grosso do Sul. Enquanto clientes procuram mudas regularmente, os viveiros têm se adaptado para cumprir o rigor sanitário e frear o avanço do greening, também chamado de HLB (huanglongbing).

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A presença de árvores cítricas em quintais residenciais representa risco para a citricultura de Mato Grosso do Sul devido ao greening, doença sem cura que ataca laranjeiras, limoeiros e poncãs. A murta, planta ornamental comum, atua como hospedeira do inseto transmissor da bactéria causadora da contaminação. Para conter o avanço da doença, viveiros e estabelecimentos comerciais precisam seguir rigorosas normas sanitárias. A legislação estadual proíbe o plantio, comércio e transporte da murta, permitindo apenas o cultivo de até 50 plantas cítricas por terreno para consumo próprio, desde que seguidas as orientações sanitárias estabelecidas pela Iagro.

A doença, que não tem cura, ataca plantas cítricas como laranja, limão e poncã. Árvores jovens infectadas não chegam a produzir, enquanto as adultas perdem frutos antes do tempo e podem morrer. A murta funciona como hospedeira do inseto transmissor da bactéria responsável pela contaminação.

Adaptação - Em Campo Grande, lojas especializadas adotam precauções, mesmo com a procura por mudas cítricas sendo rotina. O gerente da Pantanal Garden, Jonatas Willian dos Santos, afirma que a loja suspendeu o comércio de mudas cítricas há anos, embora tenha autorização para estruturar um viveiro certificado.

Na caçada contra a murta, é cada vez mais difícil ter até pé de laranja em casa
Gerente da loja Pantanal Garden, Jonatas Willian dos Santos, fala sobre as regras. (Foto: Osmar Veiga)

“A estufa precisa de tela específica para evitar contaminação. É um investimento alto, mas vale a pena porque a procura é grande”, diz Santos, ressaltando que há planos de estruturar o viveiro em breve.

A Casa da Semente, localizada na Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), também precisou suspender a venda no local por causa da lei e instalou um viveiro adaptado às normas em outro bairro. Segundo o gerente Juliano Andrade, a empresa importa mudas de São Paulo, com certificação da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

“Os clientes agendam a retirada no viveiro ou solicitam entrega. A procura é alta e seguimos rigorosamente as normas”, afirma.

Fiscalização - O diretor-presidente da agência, Daniel Ingold, explica que as restrições são reforçadas para evitar a devastação de pomares, como ocorreu na Flórida, nos Estados Unidos e que já comprometeu 44% da produção paulista.

O diretor explica que o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura)  solicitou estudo ao Estado para trazerem a plantação de laranja para o MS. Assim, foram criadas as política sanitária e a política pública, dentre elas uma ação específica para erradicar a murta, também conhecida como “dama-da-noite”.

“Ninguém é contra a murta, mas contra o greening”, reforça.

Segundo ele, o controle sanitário é decisivo para proteger investimentos milionários.

“Se houver contaminação, o prejuízo é incalculável. Cada hectare de laranja custa cerca de R$ 100 mil”, alerta.

Na caçada contra a murta, é cada vez mais difícil ter até pé de laranja em casa
Gerente da Casa da Semente, Juliano Andrade, explica como tem vendido mudas. (Foto: Osmar Veiga)

Rigor - Tanto a Lei Estadual nº 6.293/2024, válida em todo Mato Grosso do Sul, quanto a Lei Municipal nº 7.451, de Campo Grande, proíbem o plantio, comércio, transporte e produção da murta. As normas reforçam o controle fitossanitário, prevendo fiscalização e penalidades para quem descumprir as regras.

A Resolução Semadesc nº 36, publicada em 31 de outubro de 2023, estabelece normas para prevenir e controlar o greening e o inseto vetor no Estado. O texto determina que o plantio de mudas de citros para o comércio, em áreas urbanas ou rurais, precisa de autorização da Iagro, garantindo o cumprimento das exigências fitossanitárias.

A norma traz exceção para cultivo próprio, permitindo até 50 plantas por terreno ou área contínua, sem necessidade de autorização, desde que seguidas as orientações sanitárias.

Atualmente, o único viveiro autorizado a produzir mudas no Estado fica em Terenos, a 31 km de Campo Grande. Quem for flagrado em comércio irregular está sujeito à multa e apreensão das mercadorias.

Na caçada contra a murta, é cada vez mais difícil ter até pé de laranja em casa
Viveiro sem a adaptação para receber mudas cítricas. (Foto: Osmar Veiga)

Cuidados - O diretor da Iagro reforça a importância do apoio da população para proteger o patrimônio sanitário estadual. Ele alerta que a compra de mudas de laranja ou limão sem procedência, especialmente de ambulantes, representa alto risco de contaminação.

Muitas vezes os caminhões comercializam plantas trazidas de São Paulo, que podem estar contaminadas. A recomendação é adquirir apenas mudas certificadas e ficar atento à vigilância dos pomares urbanos e domésticos.

Além disso, orienta evitar a murta no jardim e, em caso de suspeita de doença nas plantas, comunicar imediatamente a Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Iagro pelo telefone 67 9971-8163.

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