ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 29º

Cidades

No grupo de risco da covid, prefeitos tentam driblar doença e cumprir expediente

Prefeitos dizem que função não permite isolamento total e tentam se cuidar com máscara, álcool, distanciamento e oração da família

Silvia Frias | 04/06/2020 08:18
Em Guia Lopes, reunião na prefeitura: máscara e distanciamento (Foto: João Velasquez)
Em Guia Lopes, reunião na prefeitura: máscara e distanciamento (Foto: João Velasquez)

Em Mato Grosso do Sul, dos 79 prefeitos, 29 tem idade igual ou acima a 60 anos e, destes, sete de 70 a 75 anos. Mesmo sem levar em conta a pré-existência de doença crônica, fazem parte do grupo de risco mais propenso a complicações por conta do novo coronavírus (covid-19), mas não podem recorrer totalmente ao isolamento social e, ainda, precisam dar exemplo de distanciamento e etiqueta respiratória.

Dos 1.892 casos de infectados pela covid-19 no Estado, a maioria está na faixa etária dos 30 a 39 anos (28,5%). Mas, das 20 mortes, 15 são de pessoas acima dos 60 anos e com exceção de um óbito, todos os outros pacientes tinham comorbidade, como hipertensão, diabetes ou doença cardiovascular.

 “Eu tenho 72 anos e sou diabético, imagina como que não estou? Tenho que ter cuidado”, disse o prefeito de Rio Brilhante, Donato Lopes da Silva (PSDB). O município, distante 164 quilômetros de Campo Grande, ocupa a 6ª posição em infecções no Estado, com 89 casos confirmados da doença, conforme atualização do boletim da prefeitura, números que ainda vão chegar na contagem da SES (Secretaria Estadual de Saúde).

O prefeito diz que costuma ir à prefeitura por volta das 7h, reúne-se com poucos membros do comitê de combate à covid-19, atende outras demanda e cumpre expediente presencial de cerca de 3h. “Aí eles tocam a vida e eu fico trabalhando por telefone, em casa, o dia inteiro”. Desde que os casos aumentaram, diz que ele e a esposa, Iraci, 72 anos, não vêem os filhos, os seis netos e os três bisnetos. “A gente se vê por vídeo”.

Dependendo da agenda, Lopes diz que o secretário Municipal de Saúde é convocado. “Eu estou evitando alguns lugares, aí ele me auxilia, tem 50 anos, toca o barco e tira de letra”.

Um ano mais velho que o colega, o prefeito de Cassilândia, Jair Boni Cogo (PSDB), tem a seu favor, por enquanto, o fato do município distante 433 quilômetros de Campo Grande não ter nenhum caso confirmado da doença. “Mas tenho todas as doenças que você possa imaginar, sou 100% grupo de risco”, disse, sem detalhar quais são.

Cogo já se submeteu ao teste rápido e resultado foi negativo para a doença. No dia a dia, diz que recorre às precauções gerais, como uso de máscara e álcool em gel. Caso precise fazer reunião na prefeitura, o grupo não passa de dez pessoas, respeitando o distanciamento. “Acho que Deus está me ajudando”.

Diabético e com 72 anos, prefeito de Rio Brilhante diz que tenta se cuidar (Foto/Divulgação)
Diabético e com 72 anos, prefeito de Rio Brilhante diz que tenta se cuidar (Foto/Divulgação)

Com duas mortes por covid-19, a população em Brasilândia, a 284 quilômetros de Campo Grande, passou por período de alerta, mas agora, sem registro de novos casos confirmados da doença há 20 dias, a cidade relaxou, segundo o prefeito Antônio de Pádua (MDB), 70 anos.

 “Acalmou tanto que até esqueceu a covid-19”. Pádua diz que usa máscara e álcool em gel constantemente e tenta desviar de armadilhas sociais. Conta que já aconteceu de, no descuido, algumas pessoas se aproximarem mais do que deveriam na hora do cumprimento. “Aí a gente fala ‘desculpa, não é o momento’, fala que não tem como pegar na mão, cumprimentar”.

No extremo sul do Estado, em Mundo Novo, o prefeito Valdomiro Brischiliari (PL), tem 65 anos e é diabético. A exemplo do prefeito de Rio Brilhante recorreu ao telefone e internet para manter contato com os cinco filhos e sete netos. Mas, como não deixou de ir à prefeitura para trabalhar, aproveita o trajeto para passar em frente da casa dos familiares. “Aí eu buzino, dou um tchau e tá tudo certo”. Em casa, vive com a esposa, Gislane, 37 aos, gatos e cachorros. “Aí quando eu tenho que sair, ela reza Ave Maria, um Salve Rainha e eu tento manter cuidado”.

Nos siga no Google Notícias