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Cidades

Novos documentos são recomeço para quem trocou medo das bombas por oportunidades

Famílias do Líbano e haitianos aproveitaram ação no Horto Florestal neste sábado

Por Caroline Maldonado e Kamila Alcântara | 30/11/2024 12:17
Melise Deghaiche, esposo e filhos no “Migra-Ação Integração”, no Horto Florestal (Foto: Osmar Veiga)
Melise Deghaiche, esposo e filhos no “Migra-Ação Integração”, no Horto Florestal (Foto: Osmar Veiga)

Os desafios são muitos, mas representam um recomeço. Esse é o contexto das pessoas que deixaram suas pátrias para viver em Mato Grosso do Sul e buscaram documentos em ação gratuita para migrantes internacionais em situação de vulnerabilidade e refugiados, realizada pela Defensoria Pública e pelo Cerma-MS (Comitê Estadual para Refugiados, Migrantes e Apátridas), até as 12h deste sábado (30), no Horto Florestal em Campo Grande.

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Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a Defensoria Pública do Estado e o Cerma-MS realizaram uma ação gratuita para auxiliar migrantes e refugiados em situação de vulnerabilidade na obtenção de documentos. A iniciativa visa facilitar a integração dessas pessoas, que enfrentam desafios como a barreira da língua e a busca por trabalho formal, garantindo-lhes acesso a direitos básicos e evitando abusos trabalhistas. A ação ofereceu orientações jurídicas e serviços sociais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos imigrantes e seu ingresso no mercado de trabalho brasileiro.

Nascida em Corumbá, Melise Deghaiche, de 42 anos, foi para o Líbano com 8 anos, casou-se e teve 4 filhos, mas teve que voltar a MS porque era impossível conviver com o medo constante de bombas nos arredores de onde a família morava.

O filho de 18 anos já tem naturalidade brasileira e fala inglês. Na família, além dela, ninguém fala o português. Eles chegaram do Líbano há um mês em uma aeronave fornecida pelo governo brasileiro.

“Viemos porque não tem mais nada no Líbano. Não tinha mais como viver lá, meus filhos estavam ficando traumatizados com tanto barulho de bombas. Vou começar a vender kibe e shawarma, meu marido é barbeiro e meus filhos vão começar a aprender português”, conta Melise, na fila para retirada de documentos.

Atendimento no “Migra-Ação Integração”, no Horto Florestal (Foto: Osmar Veiga)
Atendimento no “Migra-Ação Integração”, no Horto Florestal (Foto: Osmar Veiga)

Superintendente da Política de Direitos Humanos da Sead (Secretaria Estadual de Assistência Social e dos Direitos Humanos), Andréa Cavararo, explica a importância desse momento para as famílias que precisam de documentos.

“Essas pessoas sentem muita dificuldade em encontrar tudo o que precisam em um lugar só e ainda existe uma barreira linguística muito grande, mas temos auxílio de tradutores e todos os informativos e avisos estão na maioria em língua espanhola, porque a grande parte dos migrantes são dos países vizinhos da América Latina”, detalha Andréa.

Os documentos também são fundamentais para evitar abusos trabalhistas, conforme a presidente da Associação de Venezuelanos, Mirtha Carpio.

“A CRNM (Carteira de Registro Nacional Migratório) e todos os documentos são importantes para que consigam ter seus direitos trabalhistas garantidos e não venham para cá apenas para fazer trabalhos informais, os 'bicos', porque isso coloca eles em posição vulnerável”, explica Mirtha.

A língua também é um dos maiores desafios para quem chega à Capital. O químico e estudante de mestrado Jean Alain Renaud, de 35 anos, veio do Haiti para estudar há um ano e meio e conta que sente dificuldades também para se aproximar mais das pessoas.

“Estou com quase todos os documentos e hoje vim concluir, porque já tenho CPF, carteira de migrante, mas precisava organizar outros documentos. Os sul-mato-grossenses são muito fechados. Acredito que ainda falta mais inclusão, mais diálogo com pessoas de fora. Até eu que vim para estudar sinto isso. No Haiti falam o Crioulo, mas o francês também porque o país foi colonizado por franceses. É bem difícil aprender português”, opina Jean.

Químico e estudante de mestrado Jean Alain Renaud (Foto: Osmar Veiga)
Químico e estudante de mestrado Jean Alain Renaud (Foto: Osmar Veiga)

O presidente da Associação Haitiano Brasileira, Junel Ilora, de 37 anos, comenta que ações como a de hoje precisam ser mais frequentes, pois o movimento migratório é muito rotativo.

“Muitas pessoas entraram no Brasil por Mato Grosso do Sul e acabam encontrando dificuldade em regularizar os documentos para seguir o caminho delas. É importante que as pessoas entendam que estamos aqui para trabalhar e fortalecer a economia do país”, comenta Junel, que atende de 300 a 400 haitianos por mês na associação.

O “Migra-Ação Integração” presta orientações jurídicas e serviços sociais para facilitar a integração no Brasil, promover qualidade de vida, ajuda no ingresso ao mercado de trabalho e permitir o acesso a direitos fundamentais. A participação da Defensoria de Mato Grosso do Sul se dará por meio dos atendimentos da Van dos Direitos.

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