ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SÁBADO  11    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

Planta encontrada em Mato Grosso do Sul também produz canabidiol, aponta estudo

Pesquisadores encontraram a substância nos frutos e flores, mas sem estar relacionada a efeitos psicoativos

Izabela Cavalcanti | 20/06/2023 10:08
Planta nativa do Brasil, Trema micrantha blume (Foto: Pedro Kirilos/Estadão)
Planta nativa do Brasil, Trema micrantha blume (Foto: Pedro Kirilos/Estadão)

Planta nativa do Brasil, a Trema micrantha blume, encontrada em Mato Grosso do Sul, conta com a presença de canabidiol, conforme identificou pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). No Estado, a espécie também é conhecida como amora-brava, cambriúva e candiúva.

Em seis meses, começarão os processos in vitro para ser analisado se o componente tem a mesma função do canabidiol extraído da Cannabis sativa. A pesquisa conta com R$ 500 mil de recursos, obtidos por meio do edital de Ciências Agrárias, da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro), ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado.

O professor Marcelo Bueno, da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), campus de Mundo Novo, confirma a existência da planta no Estado, mas é difícil dizer em quais municípios ela pode ser vista. Ele também é pesquisador da pós-graduação de Recursos Naturais da Uems de Dourados e em Biologia Vegetal da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

“Como ela é de ampla ocorrência, pode ocorrer em várias cidades, difícil realmente apontar quais cidades. É uma espécie importante, pois além de sua utilização, é uma espécie pioneira, de rápido crescimento e grande versatilidade ecológica, pode ser utilizada em programas de plantios florestais e de recuperação de áreas degradadas por mineração, por exemplo”, destacou.

Ainda de acordo com o professor, por mais que a planta seja da mesma “família” da Cannabis, não é uma regra que a substância seja encontrada. “Não é porque é um princípio ativo que ocorre numa espécie da família que vai ocorrer nas outras espécies. A chance é maior, porque o princípio ativo pode estar relacionado à família botânica ou às vezes um gênero, mas não é uma regra”, explicou.

Os cientistas encontraram a substância nos frutos e flores, mas sem estar relacionada a efeitos psicoativos, THC (tetrahidrocanabinol), presente na Cannabis sativa. Esta é proibida de ser cultivada por causar efeito alucinógeno.

Segundo o coordenador da pesquisa, Rodrigo Soares Moura Neto, que faz parte do IB (Instituto de Biologia) da UFRJ, a Trema seria uma maneira de ultrapassar as barreiras da Cannabis.

“No caso da planta brasileira, isso não seria um problema, porque não existe nada de THC nela. Também não haveria a restrição jurídica de plantio, porque ela pode ser plantada à vontade. Na verdade, ela já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol”, destacou.

O canabidiol pode ser usado para fins medicinais, mas no Brasil o uso ainda é restrito. Resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), do ano passado, determinou que médicos só prescrevam o CBD para tratar epilepsias na infância e na adolescência.

Ainda de acordo com coordenador da pesquisa, Rodrigo, quando se comercializa canabidiol, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) impõe restrição na fórmula, que só pode ter 0,2% de tetrahidrocanabinol.

Planta – A Trema também é encontrada no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. A planta produz frutos pequenos de coloração avermelhada, onde estão concentrados o CBD.

Ela cresce rápido e pode se transformar em uma árvore de até 20 metros de altura, quando estiver madura.

Nos siga no Google Notícias