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Cidades

Policiais que faziam "frete" de cocaína são afastados

Segundo a investigação, policiais levavam droga em viaturas oficiais e até faziam escoltas para traficantes

Por Dayene Paz e Maristela Brunetto | 01/04/2024 09:09
Advogado de um dos presos chegando na Depac Cepol no dia da operação. (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogado de um dos presos chegando na Depac Cepol no dia da operação. (Foto: Henrique Kawaminami)

Anderson César dos Santos Gomes e Hugo César Benites, policiais civis lotados na delegacia de Ponta Porã, foram afastados das funções pela PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul). Eles são alvos da Operação Snow, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), no dia 26 de março, após investigação que encontrou envolvimento de agentes da segurança de Mato Grosso do Sul no tráfico de cocaína em larga escala.

Na decisão de afastamento, publicada no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira (1º de abril) - uma semana depois da operação - a Polícia Civil também ordena o recolhimento das armas e carteiras funcionais dos agentes. "(...) e demais pertences do patrimônio público destinados aos referidos policiais, além da suspensão de suas senhas e logins de acesso aos bancos de dados da instituição policial".

O esquema - O tráfico de cocaína, entre Ponta Porã e Campo Grande, droga que era distribuída para o restante do país, contava com esquema sofisticado e bem estruturado. Além dos policiais civis, que levavam droga em viaturas oficiais e até faziam escoltas de caminhões com entorpecente, o grupo contava com empresários e até assassino.

É o que aponta a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que contou com o auxílio da Corregedoria da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal. A Operação Snow cumpriu 54 mandados judiciais, entre prisões e busca e apreensões.

"(...) com uma rede sofisticada de distribuição, com vários integrantes, inclusive policiais cooptados, fazia o escoamento da droga, como regra cocaína, por meio de empresas de transporte, as quais eram utilizadas também para a lavagem de capitais, ocultando a real origem e destinação dos valores obtidos com o narcotráfico."

Para isso, a cocaína era escondida em carga lícita, ou seja, com documentações legais, o que dificultava a fiscalização policial nas rodovias "principalmente quando se tratava de material resfriado/congelado (carnes, aves etc.), já que o baú do caminhão frigorífico viajava lacrado".

Outra maneira que utilizavam para traficar a droga de Ponta Porã a Campo Grande era o chamado “frete seguro”. “(...) policiais civis transportavam a cocaína em viatura oficial caracterizada, já que, como regra, não era parada, muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública”, aponta a investigação.

A quadrilha ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, desvinculando-os dos reais proprietários. Com isso, chamavam menos atenção em eventual fiscalização policial, porque, em regra, a liberação é mais rápida quando o motorista consta como dono do veículo.

Durante a investigação, foi possível identificar mais duas toneladas de cocaína da organização criminosa, apreendidas em ações policiais.

Policiais alvos - Em relação aos policiais civis que faziam parte da quadrilha, foram emitidos cinco mandados, dois de prisão preventiva (Anderson e Hugo) e três de busca e apreensão.

Outros alvos - Entre as ordens judiciais, três delas, de prisão e de busca e apreensão, foram cumpridas na mesma família. Foram presos: Douglas de Lima de Oliveira Santander, 35; o pai Natoni Lima de Oliveira; e a mãe de Douglas, a empresária Darli Oliveira Santander. Douglas é réu por matar a tiros Cristian Alcides Lima Ramires, em outubro de 2022.

Ainda, foram presos: Franck Santos de Oliveira, 46, que acabou também autuado em flagrante por porte irregular de arma de fogo de uso permitido; Ademar Almeida Ribas; e Ademilson Cramolish Palombo, o "Alemão", envolvido no caso do garagista e agiota Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52, o "Alma", morto e esquartejado em Campo Grande. Ademilson devia alta quantia ao garagista, cujo corpo nunca foi encontrado.

Também estão inclusos na lista: Jucimar Galvan, 45 anos, empresário e também autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo; Adriano Diogo Veríssimo, 32, motorista de caminhão e com passagem por ameaça no âmbito da violência doméstica; Eric do Nascimento Marques; Joesley da Rosa, 35, motorista de caminhão; Márcio André Rocha Faria, administrador também flagrado com arma na operação; Mayk Rodrigo Gama; Rodney Gonçalves Medina, empresário com passagens por tráfico de drogas em São Paulo; e Wellington de Sousa Lima, 27, conhecido como "garganta" e fichado na polícia por furto.

Ainda, outros mandados de prisão foram cumpridos, mas a reportagem não teve acesso aos nomes.

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