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Cidades

Secretaria da mulher promove apitaço para coibir assédios no transporte coletivo

Objetivo é que mulheres vítimas de assédio dentro de ônibus usem o apito para informar o motorista

Jhefferson Gamarra | 08/03/2021 19:03
Ação feita nos terminais de Campo Grande faz parte de um conjunto de medidas preventivas para coibir a ação de agressores e assediadores (Foto: Kisie Ainoã)
Ação feita nos terminais de Campo Grande faz parte de um conjunto de medidas preventivas para coibir a ação de agressores e assediadores (Foto: Kisie Ainoã)

Durante a tarde dessa segunda-feira, 08, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a Semu (Subsecretaria de Políticas para a Mulher) de Campo Grande, esteve em terminais de ônibus realizando um ato contra a violência e abusos sofridos pelas mulheres. Na ocasião, foram distribuídos informativos e apitos para usuárias de transporte coletivo em manifesto contra o assédio nos transportes coletivos. O objetivo é que mulheres vítimas de assédio usem o apito para informar o motorista.

De acordo com assistente social da Subsecretaria de Políticas para a Mulheres, Zunilda Freitas, a ação feita nos terminais faz parte de um conjunto de medidas preventivas que são realizadas o ano todo para coibir a ação de agressores e assediadores.

“Estamos levando informações para atingir toda população, hoje estamos fazendo em alusão ao dia internacional da mulher, mas realizamos ações o ano todo, com palestras, serviços nos bairros, distribuição de informativos e divulgação nas redes sociais”, informa a assistente social.

Auxiliar de serviços gerais afirma que o silêncio diante de um assédio precisa ser quebrado (Foto: Kisie Ainoã)
Auxiliar de serviços gerais afirma que o silêncio diante de um assédio precisa ser quebrado (Foto: Kisie Ainoã)

Para a auxiliar de serviços gerais, Luzia Valejo dos Santos, a ação de extrema importância e o silêncio das mulheres vítimas de assédio dentro dos transportes coletivos tem de ser quebrado.

“Isso é muito bom para as mulheres e para as adolescentes, muitas vezes a vítima de assédio não tem coragem de denunciar. Essa violência acontece em todos os ambientes, eu mesmo já fui vítima e conheço mulheres que foram vítimas de agressores e não tiveram coragem para denunciar”, disse.

Mesmo com as ações promovidas para a proteção da mulher, há quem diga que ainda são insuficientes, frente a tantos assédios sofridos diariamente.

“Fui uma das primeiras mulheres a utilizar a lei Maria da Penha em Campo Grande, na época ainda nem existia a Casa da Mulher Brasileira. Na minha opinião essas ações são poucas e não servem de nada, mulheres sofrem assédios todos os dias e essas ações eu só vejo no dia da mulher”, lamenta uma técnica de enfermagem que preferiu manter o nome em sigilo.

Entre os homens a maioria é relutante quando questionados sobre assédios contra mulheres e sobre a campanha. A maioria se limita a dizer que as ações “são muito importantes”.

Entre os homem há quem não fique calado diante de uma tentativa de assédio contra mulher (Foto: Kisie Ainoã)
Entre os homem há quem não fique calado diante de uma tentativa de assédio contra mulher (Foto: Kisie Ainoã)


Pai de uma menina, o soldador mecânico Carlos Eduardo, revela que já presenciou e precisou intervir em flagrantes de assédio.

“Mulher está sempre em perigo e precisa de meios para pedir ajuda. Na linha 080, precisei intervir uma vez. Eu reparei um homem assediando uma mulher cheguei junto nele e falei: ‘vaza parceiro, tá tirando eu tô flagrando o que você tá tentado com a mina’. Isso é frequente, eu tenho filha e esposa e minha mãe já sofreu comi sso, por isso que comigo é sem pano”, revela o soldador.

Dados da violência contra a mulher confirmam o alto índice de violência em todo Brasil. Um balanço feito pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) divulgados ontem (7), mostra que em 2020, foram registradas 105.671 denúncias de violência contra a mulher, tanto do Ligue 180 (central de atendimento à mulher) quanto do Disque 100 (direitos humanos).

Do total de registros, 72% são referentes à violência doméstica e familiar contra a mulher. De acordo com a Lei Maria da Penha, esse tipo de violência é caracterizado pela ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico da mulher. Ainda estão na lista, danos morais ou patrimoniais a mulheres.

O restante das denúncias, que somam 29.919, refere-se à violação de direitos civis e políticos, que incluem, por exemplo, condição análoga à escravidão, tráfico de pessoas e cárcere privado. Também estão relacionadas à liberdade de religião e crença e o acesso a direitos sociais como saúde, educação, cultura e segurança.

Material entregue as usuárias do transporte coletivo nesta segunda-feira, dia internacional da mulher (Foto: Kisie Ainoã)
Material entregue as usuárias do transporte coletivo nesta segunda-feira, dia internacional da mulher (Foto: Kisie Ainoã)

Como denunciar - O Disque 100 e o Ligue 180 são serviços para denúncias de violações de direitos humanos e de violência contra a mulher, respectivamente. Qualquer pessoa pode fazer uma denúncia pelos serviços, que funcionam 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.


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