Tolerar grito de guerra violento ameaça a credibilidade da PM, alerta MP
Vídeo de formação de PMs será analisado e o órgão promete medidas compatíveis com a gravidade da situação
RESUMO
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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul divulgou nota informando que está analisando o vídeo que mostra policiais militares recém-formados entoando grito de guerra com conteúdo considerado incompatível com os princípios constitucionais que regem a atuação das forças de segurança pública.
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"A instituição observa de perto os desdobramentos das apurações já anunciadas e irá analisar detalhadamente o conteúdo exposto no vídeo, para adotar as medidas compatíveis com a gravidade da situação".
As imagens divulgadas pelo Campo Grande News e nas redes sociais mostram integrantes da 38ª turma da Polícia Militar, exaltando a tortura, a execução e o extermínio. A frase inicial, “bate na cara, espanca até matar", é seguida de menções à tortura, assassinato e cancelamento de CPF: “quero ver vagabundo implorando pra morrer”.
Os trechos ficam cada vez mais violentos: “Arranca a cabeça e joga ela pra cá. O interrogatório é muito fácil de fazer, eu pego o vagabundo e bato nele até morrer. Essa daqui poucos conhecem, é faca da PM que cancela CPF”
Em nota pública divulgada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o órgão afirma que resolveu acompanhar as investigações "justamente por entender a importância da corporação para o Estado e para a população sul-mato-grossense". A nota avalia ainda que "não se pode permitir comportamentos dessa natureza, sob pena de comprometer a credibilidade e os valores que devem nortear a atuação da Polícia Militar".
Assim que soube das imagens, o governo do Estado anunciou a abertura de sindicância para apurar os responsáveis e o conteúdo da manifestação. No mesmo dia, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul também divulgou nota de repúdio, classificando o grito de guerra como uma “afronta ao Estado Democrático de Direito”
O episódio gerou debate sobre a formação de novos policiais e os limites entre disciplina, cultura institucional e discurso violento. A repercussão ocorre 4 meses depois da Câmara Municipal de Campo Grande aprovar a chamada “lei anti-Oruam”, que proíbe a contratação de artistas que façam apologia ao crime e ao tráfico de drogas.
Ironicamente, vereadores que votaram favoráveis à lei usaram as redes sociais para defender a letra do grito de guerra da PM.
O vereador Maicon Nogueira (PP) ironizou: "Da mesma forma que falam que funk é cultura, concordo com as músicas dos PMs. Vejo como cultura e tá tudo bem".
Outro a se manifestar foi Fábio Rocha (União) dizendo que "O corpo que não vibra é o esqueleto que se arrasta... Continuem vibrando".
A lei aprovada aqui e em outras 11 capitais faz referência a Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, um dos nomes mais populares do rap e do trap no país e filho do traficante Marcinho VP.